E se eu fosse montar um negócio, por onde eu começaria? Empreendedorismo Inovador

quarta-feira, 18 dezembro 2019

Criar um negócio não é fácil não, mas vale lembrar que mais importante do que a solução é um problema bem definido

Embora o mundo não saiba, sou um grande empreendedor, tenho uma ideia “supimpa” e paixão de sobra para tocá-la. Esse negócio, que deverá valer alguns milhões de reais – em breve, em um Mercado perto de você – , será iniciado amanhã, porque eu tenho certeza que é o que muitas pessoas anseiam e é a realização de um sonho.

A primeira questão que vem à mente é a seguinte: quanto custa esta minha ideia? Vou responder “de costas”: zero, nada, coisa alguma, bulhufas, titiquinha, “oi de boi”, nichts, nothing. Se quiser aumentar o valor, você pode até somar todas as palavras e ver no que dá.

Duro ler isto, né não? Mas a verdade é arrogantemente dura: tá nem aí pra você.

Então, GBB-San, o que você sugere, que eu desista? De forma alguma, gafanhoto(a). Peço apenas que reflita e mude a abordagem. Não é a ideia que tem valor; mas a ideia dentro de uma oportunidade. Cave esta última, e começaremos a vislumbrar uma negócio com presente e um futuro, quem sabe, “escalador”. Como eu sempre digo por aqui, e em minha aulas, mais importante do que a solução é um problema bem definido. A solução sai quase que como resposta. Vamos então aos passos de como ganhar meu primeiro milhão.  

Números

Antes de falarmos em milhões positivos, vamos ao negativos, para endossar a diferença entre ideia e oportunidade que mostrarei mais à frente. Agradeço ao meu brother e mestrando de inovação, professor Marcos Oliveira, por esta desgraça, quero dizer, por esta beleza de site revelador. O site getautopsy.com, especializado em autópsias do mundo “geek-startupeiro”, mostra que dentro de 3 anos, 92% das startups “pegam o beco”. 

O site da verdade não muito simpática: getautopsy.com

Vou trazer de lá os itens que mais quebram as startups e colocá-los em uma tabela.

Tabela da Morte: Os 05 principais motivos de falha, baseados em 300 startups.

Fiz a soma para você: 72,83%. (getautopsy.com)

O que a tabela dos top 5 nos diz: tudo foi culpa sua! E mais um detalhe: não se falou em dinheiro. Um investidor no timing errado, se auto-transformará em um agiota em 5, 4, 3, 2… Não sou eu quem diz, moçada. São as estatísticas!

Ideias X Oportunidades

“Uma ideia é um fenômeno eletroquímico”, dizia Linus Pauling. Podemos acrescentar algo à frase deste ganhador de dois prêmios Nobel: Uma ideia é um fenômeno eletroquímico e emocional! [Pauling & GBB-San]. Indiscutivelmente, a ideia é o primeiro passo para a solução de um problema ou geração de inovação, mas se não estiver contida emocionalmente pelo cinturão da oportunidade, ela devaneia e vai longe, deixando-nos sonhando, a ver navios apenas. Por isto muitas startups falham ao se arriscar em aventuras baseadas puramente em ideias. 

A “tabela da morte” nos aponta os natais futuros, nos diria Charles Dickens – aproveitando o clima -, caso você foque unicamente na ideia. Entendamos então as características de nossas protagonistas para que se possa evitar a tabela da morte. A tabela Ideia x Oportunidade sugere algumas diferenças básicas. Vejam como misturamos os conceitos o tempo todo.

A geração de oportunidades tem de ser buscada proativamente, em uma área de seu interesse, levando-se em consideração as falhas já apontadas. Feito isto, chegou a hora de abarrotar o campo da oportunidade com ideias, utilizando as muitas técnicas já sugeridas aqui. Brainstorming, Princípios, Separação, Problemas Inventivos, Anti-Sistema, Nine Windows, Abstração (des)estruturada Partes I e II e mais outras que espalhamos na coluna Empreendedorimso Inovador, são exemplos de ferramentas que estimulam a criatividade e rompem a inércia psicológica. Tente elas dentro de oportunidades criadas por você, e garanto que sua ideia terá valor. 

Tabela Ideia x Oportunidade

 Um roteiro para criar um negócio

Levando em conta a tabelas da “morte” e da “ideia x oportunidade”, poderíamos agora desenhar um negócio “do zero” seguindo este algoritmo:

  • Cavaria uma oportunidade, caso ela não caísse em meu colo.
  • Convidaria brothers complementares às minhas competências.
  • Desenharia um modelo de ideia inspirado em oportunidades, o qual mostramos em Modelo de Negócio versus Modelo de Ideia.
  • Pesquisaria no mundo físico e virtual a existência desse modelo (veja que estou falando do modelo ideia dentro de uma oportunidade). Caso existisse, pivotaria (adaptaria para resolver um outro Job em aberto).
  • Testaria esta modelo com um público pequeno
  • Montaria um modelo de negócio raiz (aí é Canvas mesmo).

Pronto. “Facim, facim”.

Finalizando

Brincadeiras à parte, criar um negócio não é fácil não. Pior ainda se começarmos errado, considerando apenas a ideia e a ânsia por arranjar investidores. As palavras salpicadas aqui são frutos arrancados da árvore do empreendedorismo por quase duas décadas. Como sempre, permanecem apenas como sugestões. Tente colher seus próprios frutos.

Referência:

Site getautopsy.com

A coluna Empreendedorismo Inovador é atualizada às quartas-feiras. Gostou da coluna? Do assunto? Quer sugerir algum tema? Queremos saber sua opinião. Estamos no Facebook (nossaciencia), Twitter (nossaciencia), Instagram (nossaciencia) e temos email (redacao@nossaciencia.com.br). Use a hashtag #EmpreendedorismoInovador.

Leia a edição anterior: Jobs to be done – JTBD

Gláucio Brandão é gerente executivo da inPACTA, incubadora da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN).

Gláucio Brandão

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