Em homenagem aos profissionais da educação, uma mensagem de esperança, ciência e sonhos
O desenvolvimento de estratégias de baixo custo e de mínimo impacto ambiental aplicáveis à produção de sistemas nanoestruturados vem sendo considerado um requisito de fundamental importância para soluções em nanotecnologia.
Em particular, a produção de carbon dots – nanopartículas fluorescentes produzidas por reações hidrotérmicas e carbonização de matéria orgânica (como sucos de laranja, limão, casca de melancia e etc.) é um excelente exemplo de práticas de economia circular aplicada à nanotecnologia. Estas partículas extremamente pequenas (raio da ordem de 2 nm) vêm recebendo atenção crescente na literatura como fonte de baixo custo e quase nenhum impacto ambiental, que possibilita produzir marcadores biológicos (identificação de microorganismos por fluorescência), aceleradores de reações fotocatalíticas, agentes antibacterianos, aditivos para supercapacitores, entre outras aplicações.
E tudo isso com a vantagem de ser um típico sistema com baixíssimo grau de toxicidade, originado de insumos que na verdade são o lixo de cada dia. A conversão destes resíduos em nanomateriais introduz a vantagem de levar em consideração reações térmicas de baixíssimo custo das quais são produzidos materiais com boa eficiência quântica e quase nenhum custo para obtenção.
Em tempos de crise (econômica, social e de tantas outas variáveis), o compromisso ambiental deixa de ser uma necessidade iminente e passa a ser também uma condição de sobrevivência – para as próximas gerações e também da ciência nacional. Sem recursos para insumos, continuar a pesquisa em nanotecnologia requer bem mais que criatividade. É necessário reinventar os blocos básicos e tentar a custo zero continuar elaborando soluções para os problemas, que não estão contingenciados nem muito menos congelados.
Lembro-me de um grande amigo (um professor cubano) que nos tempos de embargo aprendeu a construir picnômetros usando pipetas. Ele precisou aprender o ofício do vidreiro para continuar sendo cientista. E faz até hoje coisas tão incríveis que o próprio Macgyver duvidaria. Como ele diz: vai melhorar! Sim, ser professor é também transpirar sonhos.
E neste 15 de outubro, dia do professor, gostaria de usar este espaço para parabenizar a todos estes magníficos profissionais que dedicam suas vidas alimentando os sonhos por um Brasil melhor. A educação vencerá. É hora de juntar os cacos e transformar limão em limonada. Ou melhor, em nanotecnologia. Enquanto houver esperança, haverá ciência, educação e um mundo mais justo a ser sonhado.
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Helinando Oliveira é Professor da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf) desde 2004 e coordenador do Laboratório de Espectroscopia de Impedância e Materiais Orgânicos (LEIMO).
Helinando Oliveira
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