Os desafios do método de dessalinização por osmose reversa, um dos mais utilizados para purificar as águas salinas dos poços perfurados na zona rural do semiárido nordestino
O Brasil enfrenta sérios problemas hídricos pois, embora detenha cerca de 12% do total de água doce superficial do planeta, a distribuição populacional não se localiza nas áreas de maior disponibilidade deste recurso. Por exemplo, a região norte, aonde vive 5% da população brasileira, dispõem de 79,7% dos recursos hídricos superficiais disponível no país, enquanto que na região nordeste, aonde residem 30% da população, esse percentual hídrico não ultrapassa 2,5%.
Cerca de 90% do território Nordestino é semiárido e, devido à escassez de água superficial, as fontes hídricas subterrâneas são as principais alternativas para suprir a necessidades hídricas para diversos fins, especialmente na zona rural. Entretanto, alguns problemas surgem em decorrência dessa situação como, por exemplo, a dificuldade de se extrair este recurso do subsolo e, na maioria dos casos, a alta salinidade da água contida na maioria dos aquíferos subterrâneos.
A dessalinização por osmose reversa tem sido o método mais utilizado para purificar as águas salinas dos poços perfurados na zona rural do semiárido nordestino. O Programa Água Doce instalou já instalou cerca de 3.000 estações de tratamento de água por osmose reversa, beneficiando 2.5 milhões de pessoas com água potável e capacidade produtiva. Entretanto, no processo de dessalinização, gera-se água potável e, também rejeito salino que pode salinizar os solos se não forem destinados adequadamente. Estudos apontam que o rejeito salino no Brasil é despejado de forma inadequada no solo e em corpos hídricos, causando grandes impactos ao meio físico, como erosão do solo, salinização e contaminação dos corpos hídricos.
Nesse sentido, a tecnologia da dessalinização está limitada pelas dificuldades de eliminar o rejeito salino produzido e pelo impacto negativo ao ambiente. Em regiões costeiras, a eliminação do rejeito salino pode ser feita nos oceanos, porém em localidades rurais difusas, o concentrado do dessalinizador não pode ser destinado no mar devido à distância e, neste caso, o rejeito é eliminado na superfície do solo e causa a salinização do mesmo.
Desse modo, o grande desafio em se utilizar o sistema de tratamento de água com osmose reversa encontra-se na disposição ou reutilização do rejeito salino de forma a evitar impactos negativos ao ambiente. Existem inúmeras alternativas propostas para o aproveitamento do rejeito oriundos das estações de tratamentos, mas se faz necessários estudos sobre a qualidade do rejeito salino e as características físico-químicas dos solos receptores, justamente para definir o conjunto de estratégias de manejo, preferencial, utilizando o potencial de uso agrícola para produção animal e vegetal.
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Nildo da Silva Dias é Professor Associado da Universidade Federal Rural do Semi-Árido (Ufersa).
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