Desenvolvimento sustentável do bioma caatinga Sustentabilidade

sexta-feira, 28 maio 2021

Hoje é impossível pensar e discutir a sustentabilidade do bioma caatinga sem pensar no social

A Caatinga ocupa uma área de 734.478 km2, sendo um bioma exclusivamente brasileiro, de grande patrimônio biológico para a região semiárida e, também, um potencial expressivo para o desenvolvimento de atividades produtivas, apesar da baixa precipitação pluviométrica.

De fato, a irregularidade das chuvas do semiárido tem consequência econômica e social danoso, uma vez que a insegurança hídrica inviabiliza a agricultura e o acesso à água para consumo humano. Entretanto, segundo pesquisadores da Fundação Joaquim Nabuco, o grande potencial do semiárido e a biodiversidade de plantas do bioma caatinga adaptadas ao ambiente seco, ainda pouco estudado, pode ser explorada economicamente, podendo erradicar pobreza e as desigualdades sociais com maior segurança ambiental. A diversidade da caatinga que podem ser exploradas comercialmente inclui plantas produtoras de óleo (catolé, faveleira, marmeleiro e oiticica), de látex (pinhão, maniçoba), de cera (carnaúba), de fibras (bromeliáceas), medicinais (babosa, juazeiro), frutíferas (umbuzeiro, cajarana) etc.

Só existe sustentabilidade possível se houver, também, uma forma de inclusão social – este é o grande desafio.

Foto: Raimundo Fernandes de Brito

O desmatamento da vegetação original para a exploração agrícola, associado ao uso intensivo e a ocupação do solo sem o manejo adequado é uma ameaça à extinção da fauna e da flora silvestre deste importante bioma. Estudos realizados pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA) conjuntamente com o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais (IBAMA) demonstram que a caatinga possui pouco mais da metade de sua cobertura vegetal original, cerca de 53,62% e, além disso, o estudo identificou que o território devastado foi de 16.576 km² – índice considerado alto, pois a região figura como a mais vulnerável aos efeitos das mudanças climáticas, com forte tendência à desertificação.

A devastação da vegetação da Caatinga para dar espaço às atividades agropastoris e à exploração de produtos florestais, notadamente lenha para fins energéticos, são às principais causas da ameaça da extinção à biodiversidade desse bioma. O sistema agropastoril é o fator que exerce maior pressão sobre a cobertura vegetal do semiárido nordestino, podendo variar de intensidade em função da localização, estrutura e tamanho dos remanescentes.

Foto: Raimundo Fernandes de Brito

Para impedir a degradação e a extinção do bioma caatinga, deve-se instituir políticas de desenvolvimento sustentável da caatinga por meios de projetos de lei, como a PLS N° 222/2016, que inclui diversas ações de conservação como, por exemplo, o manejo sustentável da caatinga que, constitui em uma prática de exploração da vegetação com equilíbrio do agroecossistema, em que se adota a cultura de convivência com o ambiente semiárido, ou seja, o uso do solo consorciado com espécies arbóreas nativas ou exóticas (frutíferas e/ou madeireiras), o cultivos agrícolas e/ou animais com diversificação de espécies que forneçam aporte continuo de matéria orgânica e a cobertura do solo etc.

O manejo sustentável da caatinga é um avanço, pois permite a identificação e compreensão dos processos ecológicos e evolutivos operados pelos agricultores familiares na perspectiva da sustentabilidade ambiental do bioma que, além de manter a diversificação do sistema, garante renda que fortalece a permanência dos povos do campo com o fortalecimento da agricultura agroecologia como uma alternativa ao modelo convencional.

A caatinga por meios da cobertura vegetal presta serviços ambientais importante em escala global – com o sequestro de carbono, a preservação do solo e da água – e, destaca-se internacionalmente entre as 37 grandes regiões naturais de importância global.

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Nildo da Silva Dias é Professor Associado da Universidade Federal Rural do Semi-Árido (Ufersa).

Nildo da Silva Dias

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