Desenvolvimento Ciência Nordestina

terça-feira, 5 julho 2022

É fundamental fazer uma ampla reinterpretação do que de fato signifique o termo desenvolvimento

Muito se fala sobre desenvolvimento e subdesenvolvimento, crescimento e atraso. Porém, o modelo de desenvolvimento alimentado pelo mercado é o de concentração de renda baseado no consumismo. Com a produção de lixos tecnológicos e o estabelecimento de bolsões de pobreza e fome que atuam como centros de mão de obra barata e de extrativismo, a existência de conforto pra alguns leva consigo o efeito colateral da fome e da exclusão para outros.

Neste horizonte, seria ingênuo acreditar que apenas um “tipo” de desenvolvimento seja do interesse ao planeta, tendo em vista que as suas sequelas podem ser evidenciadas inclusive no clima, com as chuvas e calor extremo que assolam em vários continentes. Um modo de produção integrado à natureza, que preze pela preservação ambiental e agricultura não tóxica demonstra ser uma estratégia necessária para uma espécie que vem se autossabotando em troca da concentração de renda.

Neste contexto, é fundamental que a Universidade e os centros produtores de conhecimento sejam cada vez mais livres dos interesses do mercado, para que o conceito de lucro, desenvolvimento e emprego tenham o devido contraponto da garantia da justiça social, direito à comida e cidadania.

Em se tratando de uma grande aldeia, a única possiblidade real que nos resta no cenário atual é a de cuidarmos de todas as formas de vida na Terra, remediando os nossos erros do passado e entendendo que tudo está interligado, no melhor exemplo do efeito borboleta.

Embora já seja tarde para dizer isso, é fundamental fazer uma ampla reinterpretação do que de fato signifique o termo desenvolvimento. Colocar a ciência a serviço das empresas e toda a sua estrutura em busca de mais lucro é ampliar o degrau que separa favorecidos e desfavorecidos, induzindo uma condição irreversível de fome, misérias e pandemias para todos.

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Helinando Oliveira é Professor da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf) desde 2004 e coordenador do Laboratório de Espectroscopia de Impedância e Materiais Orgânicos (LEIMO).

Helinando Oliveira

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