Coteminas: a inovação que brota do chão de fábrica Empreendedorismo Inovador

quarta-feira, 25 setembro 2019

Empresa em Macaíba estimula os colaboradores da fábrica a pensarem nos problemas que os afligem, elaborar soluções e executar as ideias

No começo deste mês, uma bela tarde de um setembro magnífico – na verdade, tudo que me me remete a árvore e a Primavera é mágico -, estávamos reunidos na Coteminas-Macaíba, por conta de convite feito por Renata Fonseca, gerente de RH da fábrica. Na verdade, este foi o segundo convite acatado, pois a obriguei a sempre me convidar para ocasiões como estas, se não “ficaria de mal” com ela!

Brincadeiras à parte, o bom motivo: avaliar inovações de uma galera massa, que tem muito a nos ensinar sobre inovação empírica. O Evento: III edição da Minha Ideia Criativa, ou MIC, promovido pelo Grupo de Melhoria Contínua Coteminas (GMeCC).

Foi minha 2ª experiência como jurado neste evento. E posso atestar: é fantástico ver o pessoal que trabalha no manuseio dos insumos, até transformá-los nas vestimentas que usamos, efetuar soluções simples, a la Effectuation, cujo impacto de uma delas, por exemplo, fez a fábrica economizar, em 2018, mais de R$ 500 mil em um ano. O conhecimento utilizado para isso: “a dor do cliente”, como pregam milhares de tipos de Canvas mundo afora. Essa turma, diferentemente de nosso academicismo, tem a inovação impregnada na coluna vertebral. Possuem o que poderíamos chamar de Inovação Tácita.

“Ginga” Tank: jurados felizes e ansiosos para pontuar as inovações.

Em que se baseia o MIC: a simplicidade e a potência da execução das ideias!

Sobre ideias, “alguéns” já falaram: “Não existe ideia pequena”; “Pensar grande custa o mesmo que pensar pequeno”; “Qualquer ideia é uma grande ideia”; “Um cérebro exposto à uma ideia nunca volta ao tamanho original”; “Se eu chocar duas ideias, nascerá, no mínimo, uma terceira”. Ou seja: ideias sobre ditados de ideias não faltam. O que falta é executá-las! E o MIC é essa execução.

Durante o ano, o GMeCC comanda a maratona MIC, estimulando os colaboradores da fábrica (incluo aqui operários, costureiras, pessoal dos serviços gerais, gerentes, diretores, consultores, e quem mais quiser), a pensarem nos problemas que os afligem, elaborar soluções e, na sequência, executar as ideias. Sim: falei executar! Ter ideias qualquer cérebro entre 0 e 150 anos tem; daí a pô-las em prática, testá-las e transformar esse “bolo” em comida efetiva é que são elas. Falo um pouco disto em Professor, o que é “biai”? , onde aconselho todos a serem o sapinho que decide com efetividade! E, para não perder a vibe proverbial, invoco os ditados sobre efetivação: “O feito é melhor do que o perfeito”; “O ótimo é inimigo do bom“; “Jumentice é fazer o mesmo e esperar outro resultado” (adaptado para a realidade local) e a pior, “Roubaram minha ideia”. Essa eu corrijo: “Executaram uma ideia que você também teve. Não foi roubo”.

Santo de casa faz milagre

Em apenas três anos, o MIC conseguiu criar 33 equipes com seus respectivos padrinhos (mentores dos grupos), coletar  2.141 ideias, selecionar 852 e implementar 752 delas. Todos os conjuntos de ideias-elaborações-execuções feitas pela prata da casa, sem interferências externas, no calor do trabalho, sem “forçação” de barra.

E o “Oscar” vai para…

As premiações financeiras: conjuntos de mesa, cama, banho e prêmios individuais para as equipes e padrinhos, e aquelas que o Credicard não paga: pessoas felizes, engajamento, motivação, satisfação em ajudar colegas, o respectivo setor, a fábrica. Inovação de alto quilate! Haja gamificação para explicar essas coisas.

E a pergunta que não quer calar: “Quanto custaria à Coteminas uma consultoria ad hoc, seguida de uma assessoria intensiva com choque de gestão de produção, para pensar ideias, elaborar soluções, executar e implantar as melhorias ou inovações no chão de fábrica, levantadas por esta moçada? Sem falar na gestão do conhecimento, que nasce, cresce, se desenvolve e vive na própria casa, não sendo levada pelos consultores?

Prêmio individual: “trezentinho”, livre de impostos, para cada um dos participantes da equipe do 3° lugar.

Claro que falo em melhorias “dentro” da casa. Para questões externas, que envolvem ameaças do Mercado, a estratégia teria de envolver que as entende. Vai outro ditado então: “Cada macaco no seu galho”. Assim, bronca interna, gente interna!

“A palavra convence; o exemplo arrasta”

Para a Coteminas, a ficha já caiu faz tempo. O que foi feito? Imagine se toda fábrica fizesse de seu próprio parque um laboratório de inovação como fez a Coteminas? Teríamos verdadeiras Fab Labs espalhadas parque a fora. Empresas contendo suas próprias incubadoras de startups, gerando spin-offs oriundos de problemas reais de Mercado. Esse recado é o de número #1, que pode ser visitado em em Recadinhos do coração para as empresas .

Fechando…

Parabenizo toda a direção da Coteminas-RN pela iniciativa e, em especial, Renata Fonseca, combustível alimentador desse processo inovador industrial.

Não é por acaso que que as paredes da Coteminas sustentam há tempo a frase “Fazemos parte das 150 Melhores Empresas Para Você Trabalhar” (Guia Você S/A).

Referência:

Fab Labs

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Leia a edição anterior: Ciência, tecnologia e inovação: ordem errada!

Gláucio Brandão é gerente executivo da inPACTA, incubadora da Universidade Federal do Rio Grande do Norte.

Gláucio Brandão

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