A revolução das ideias ganhou a terceira dimensão com as impressoras 3D
A atividade de passar as ideias para o papel permitiu o avanço na produção do conhecimento e também na tecnologia que viabilizou a substituição da pele de animais e da tinta por máquina de datilografia e impressoras à laser. E esta revolução ganhou a terceira dimensão com as impressoras 3D fazendo com que não apenas letras, mas também objetos poliméricos passassem a sair de impressoras que mais se parecem robôs que pacientemente fazem crescer peças tridimensionais imprimindo camada a camada do material de interesse. Embora para a engenharia sejam as peças que mais interessam, a ciência dos materiais tem foco na “tinta” que vai para a impressora. Saber controlar os componentes e as propriedades dos filamentos que seguem para a impressora 3D potencializa uma gama de aplicabilidades do produto final.
Apenas para exemplificar: se o polímero usado na produção de adesivos transdérmicos puder ser impregnado com a substância de interesse, passamos a ter a possibilidade de imprimir simultaneamente diversos adesivos em substrato a ser absorvido pelo corpo enquanto libera a substância ativa e de interesse para liberação controlada. E não é só isso. As redes para remediação ambiental (resgate de metais pesados e corantes) podem ser elaboradas nas impressoras e espalhadas por aí para limpar rios e mares. E depois, sob condição de biolixiviação (colocando bactérias para separar metais de interesse) podem voltar para as máquinas extrusoras e para as mesmas impressoras em um processo de geração mínima de resíduos.
É importante ressaltar que a incorporação das impressoras 3D na pesquisa acontece em um momento em que a geração de material plástico precisa ser consciente, especialmente por todo o histórico de degradação ambiental causada por microplástico em nossos oceanos. Neste sentido, desenvolver soluções ambientes com matrizes biodegradáveis passa também a figurar entre os requisitos para a incorporação de uma nova tecnologia consciente e integrada ao meio ambiente.
Enfim, para quem é da geração do lego, as impressoras 3D fazem o brilho nos olhos da infância retornar aos cientistas de materiais. Uma máquina que constrói protótipos que figuram apenas nos sonhos mais distantes. Mãos à obra.
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Helinando Oliveira é Professor da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf) desde 2004 e coordenador do Laboratório de Espectroscopia de Impedância e Materiais Orgânicos (LEIMO).
Helinando Oliveira
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