O investimento em educação, ciência, tecnologia e inovação faz parte do plano estratégico de crescimento dos chineses
Uma nação predominantemente agrícola com uma enorme concentração de analfabetos decidiu modernizar seu comércio, indústria, ciência e tecnologia. Para tanto, a China passou a integrar ativamente o Conselho de Segurança da ONU e progressivamente passou a se abrir para o planeta.
E neste processo a educação passou a ser prioridade – um verdadeiro plano estratégico para a nação. O investimento em ciência, tecnologia e inovação na China chegará a cifras da ordem de 2,5% do PIB em 2020. Atualmente este valor é da ordem de 300 bilhões de dólares por ano, o que tem levado a números fenomenais como os 1,3 milhão de pedidos de depósito de patente em 2016.
Embora sua matriz energética ainda dependa do carvão, há grande empenho da China rumo à liderança mundial em fontes alternativas de energia. Para tanto, foi estabelecida a meta de 20% dos automóveis movidos à combustíveis alternativos.
Da mesma forma, a matriz energética de origem hidroelétrica vem sendo integrada a usinas eólicas e usinas solares flutuantes à base de células solares. Com isso, a China passa automaticamente a apostar na hegemonia da geração de energia na era do pós-combustíveis fósseis. E a solução para estes problemas partem da pesquisa básica produzida no próprio país – não há necessidade de importar produtos. As soluções estão nas Universidades.
A receita para estes níveis de vigor acadêmico vem desde a infância. Um estudante em Xangai passa em média 13 horas por dia nas Escolas. A valorização de ensino, ciência, tecnologia e inovação vem lá do berço…
Acreditar na capacidade do povo em resolver os seus próprios problemas é uma prerrogativa de um plano de nação. E os chineses fazem isto – ao investir na educação de suas crianças.
Inevitável é a comparação com nosso país. Por aqui vivemos mergulhados em um fundamentalismo religioso que deseja, inclusive, misturar criacionismo com ciência. Ora… Água e óleo não se misturam. E água continua sendo água, o mesmo para o óleo. Esta cortina de fumaça desvia a atenção do grande público, que não entende que os grandes problemas estão do outro lado… E o mais importante – de que temos capacidade de resolvê-los. Mas para isso precisamos focar no trabalho – trabalho sério e com investimento na ciência e tecnologia. Além disso, seguir o caminho dos chineses, que acreditaram na educação – sem cortinas de fumaça.
Sonhar é preciso, acreditar e respeitar as potencialidades, também.
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Helinando Oliveira é Professor da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf) desde 2004 e coordenador do Laboratório de Espectroscopia de Impedância e Materiais Orgânicos (LEIMO).
Helinando Oliveira
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