Além da comodidade, a escassez de recursos naturais faz das casas autossustentáveis uma necessidade para o planeta
A sobrevivência da espécie humana no planeta depende das ações de cada um de nós. E este processo passa por um balanço delicado entre o máximo de aproveitamento da luz do sol e o uso racional da água. Essa equação entre a energia elétrica e água torna-se ainda mais complexa em um país com uma matriz dominantemente hidroelétrica. Do ponto de vista ambiental, é fundamental a ampliação dos sistemas de microgeração (usinas fotovoltaicas domiciliares) dada a condição favorável de luz solar ao longo de todo ano em nosso país. Contra esta tendência ainda pesa o custo elevado para instalação destas usinas (que crescem com a instabilidade na cotação da moeda estrangeira). Mesmo assim, na ausência de um plano nacional pela energia solar, o uso racional da energia elétrica e água passa por soluções relativamente simples, que dependem de adaptações em nossas casas, exemplificadas a seguir:
– O consumo de energia elétrica nos chuveiros elétricos é muito alto. A água pode ser naturalmente aquecida pela energia solar. Sistemas de espelhos podem ser usados para concentrar o calor no interior das caixas de água ou mesmo pelo uso de tubulações concentradoras de calor no teto das casas.
– Sistemas de captação de águas (da chuva e residuais) são fundamentais. A água que é jogada fora da máquina de lavar pode ser usada para realizar atividades secundárias, da mesma forma que a água que lavamos as mãos pode servir para encher as caixas de descarga sanitárias. E tudo a partir do uso da gravidade, sem a necessidade de bombas.
– Até as gotas de água que caem dos aparelhos condicionadores de ar podem ser coletadas e usadas para ajudar a manter pequenos jardins…
– E quando a água já estiver bastante suja, ainda há a possibilidade dos destiladores solares, que usam todo o potencial do calor que vem do sol para tratar a água contaminada.
No mesmo sentido, a construção de casas sustentáveis deve favorecer a iluminação natural e melhorar eficiência energética do ambiente.
Em tempos de casas inteligentes, muito dinheiro vem sendo investido na automação completa dos ambientes – com o controle feito por inteligências artificiais, toda a casa passa a caber na tela do telefone celular. E um simples comando de voz é suficiente para acessar aquilo que desejamos. Neste ponto é importante lembrar que para além da comodidade, a escassez de recursos naturais (em especial da água) requer uma ação imediata. E esta ação impõe uma mudança de hábitos quanto as formas de usar água e energia elétrica. Sim, as casas autossustentáveis são mais necessárias ao planeta neste momento. Até para que num futuro próximo, elas possam ter inteligência suficiente para se manter assim.
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Helinando Oliveira é Professor da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf) desde 2004 e coordenador do Laboratório de Espectroscopia de Impedância e Materiais Orgânicos (LEIMO).
Helinando Oliveira
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