Sem investimento em ciência, Brasil continuará dependendo de quem fornece a solução
Começam a chegar ao Brasil os primeiros veículos híbridos (combustível e eletricidade) a valores tão altos que chegam a beirar o inacreditável. Estes automóveis são a transição entre os convencionais à base de gasolina/álcool e os automóveis totalmente elétricos. Com a escassez cada vez maior de derivados de petróleo (medido pelo preço da gasolina na bomba de combustível e pelas guerras (armadas e consentidas)), temos a noção exata de quão importante é a virada na chave para esta tecnologia.
Lembrando da velha máxima de que o que se compra são os produtos e não a tecnologia, vemos que grandes nações como a China dispararam rumo à sustentabilidade energética. A cidade de Shenzen anunciou ser a primeira a dispor de 100% da frota de ônibus e taxis totalmente elétricos. E esta transição ocorreu em apenas 10 anos, com incentivo à troca de frota e muita pesquisa… Espera-se que já em 2020 todos os automóveis privados sejam elétricos. Isso significa independência total da mobilidade urbana com relação ao petróleo.
Por trás desta rápida transição está o apoio do governo federal à pesquisa básica. Entre 2011 e 2016 as cifras de investimento em pesquisa dobraram na China, permitindo com que os resultados fossem visíveis tanto no crescimento das universidades quanto nas parcerias com as empresas. Os chineses fabricam suas baterias e seus carros elétricos. E com isso, conseguem acelerar o processo de desenvolvimento do país, removendo a poluição de grandes centros urbanos pelo investimento em tecnologias limpas.
Neste ponto é inevitável a comparação com nosso país. Na contramão deles, entre 2010 e 2019 nosso investimento só caiu… Ao invés de termos cidades inteligentes vemos a Amazônica arder em chamas para dar vez aos pastos.
Se não produzirmos nossas baterias e as novas tecnologias de veículos elétricos, só teremos a possibilidade de comprar os importados. Como o preço será exorbitante, pegaremos uma carona na nossa cultura escravocrata e definiremos que só anda de carro elétrico quem pode. Pobre anda de bike ou a pé – aliás é assim que funciona com os carros à combustível. E assim mergulhamos ainda mais fundo na desigualdade social. Os planos de desenvolvimento das nações requerem soluções próprias, que surgem do incentivo ao livre pensar de um povo. Soluções compradas são formas avançadas de escravização. Comprar é manter o laço de dependência com quem oferece a solução.
Quando entenderemos que a ciência é o X da questão?
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Leia o texto anterior: Energy harvesting: será o fim das baterias?
Helinando Oliveira é Professor da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf) desde 2004 e coordenador do Laboratório de Espectroscopia de Impedância e Materiais Orgânicos (LEIMO).
Helinando Oliveira
“Ao invés de termos cidades inteligentes vemos a Amazônica arder em chamas para dar vez aos pastos”
-apenas 8% do nosso território é par agronegócio;
– artigo não deu a solução para essa tendência de entrada de veículos gasolina/elétrico, para que o país possa competir de igual para igual…apenas falou de investimento. Investir em que? investir onde? por onde começar ? kd o projeto?