Coluna apresenta impressões acerca das primeiras afirmações do novo presidente da Capes, tendo o sistema de CTI como pano de fundo
O novo presidente da CAPES Benedito Aguiar, professor e pesquisador com pós-doutorado pela University of Washington, nos Estados Unidos (2008), estreou nas mídias sociais declarando que sua gestão será orientada para atender as demandas da sociedade: “o fomento à apropriação e ao desenvolvimento do conhecimento científico e tecnológico para soluções de problemas nacionais serão prioridades em minha gestão.” Essa não é uma proposição nova. Não podemos ignorar que essas mudanças vêm ocorrendo no Sistema Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação no Brasil, desde a publicação do Livro Branco, em 2002, onde se apresenta os resultados da 1ª Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação, realizada no ano anterior.
Assim, deduz-se que em sua gestão as demandas das empresas e da sociedade serão norteadoras da formação de recursos humanos da pós-graduação brasileira. O foco anteriormente estabelecido, de uma formação unicamente de massa crítica para atuar como pesquisador nas universidades vai sendo reavaliada e incorporada um novo perfil na pós-graduação. O entendimento passa por uma adequação aos processos de inovação em curso na sociedade do conhecimento.
Nas últimas décadas foram feitos grandes investimentos em infraestrura e na formação de recursos humanos na área de pós-graduação no Brasil. Como resultados temos a expansão no número de mestres e doutores e no aumento, tanto da quantidade como da qualidade, das publicações científicas. É tanto, que atingimos o 13º lugar no ranking dos países que publicam. Entretanto, o impacto positivo desse potencial ainda é pouco verificado no desenvolvimento do país. Ou seja, essa base técnico-científica já em curso precisa de um maior reforço em seu aprendizado no relacionamento com as empresas, com o mundo da produção de riqueza, com o ambiente econômico e social e com sua inserção nos processos de inovação.
As discussões sobre tais mudanças na formação de recursos humanos na pós-graduação já vem sendo percebidas nas ações das universidades, exemplos como a criação dos Núcleos de Inovação (NITs), incubadoras de startups, os programas de mestrados e doutorados profissionais entre outras iniciativas, referências da interação da Ciência e Tecnologia como instrumentos do progresso material e da promoção do bem-estar social. Esse estágio é resultado dos debates promovidos nos Encontros, Conferências, Seminários, Workshops dentre outros eventos que aprimoram os programas, estratégias, políticas e ações do Sistema Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação.
O que necessitamos? Tomara que o anseio do novo presidente da CAPES seja fortalecer e dinamizar esses desafios já estabelecidos. O momento é de ação e reação como respostas as necessidades do mundo contemporâneo. Ou seja, transformar o conhecimento em riqueza para todos os brasileiros.
A coluna Destruição Criativa é atualizada quinzenalmente às quintas-feiras. Gostou da coluna? Do assunto? Quer sugerir algum tema? Queremos saber sua opinião. Estamos no Facebook (nossaciencia), Twitter (nossaciencia), Instagram (nossaciencia) e temos email (redacao@nossaciencia.com.br). Use a hashtag #DestruiçãoCriativaNossaCiência.
Leia outro texto dos mesmos autores: Schumpeter para compreender a inovação na Paraíba
Vaneide Ferreira Lopes é pesquisadora e Líder do Grupo Inovação, Tecnologia e Projetos na Paraiba (GiTecPB) e Carlos Alberto da Silva é professor titular da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG) e Líder do Laboratório de Pesquisas em Economia Aplicada e Engenharia de Produção (Lapea).
Vaneide Ferreira Lopes e Carlos Alberto da Silva
Artigo bastante claro e direto no foco da questão do desenvolvimento cientìfico do país.
Muito bom texto! Uma boa discussão para colocar em xeque o conhecimento versos sociedade e seu principal fomentador que são as universidades. Esse desafio deve ser consolidado com o papel das Universidades como intermediadoras para levar os bons projetos que normalmente são arquivados, guardados, sem jamais fazer parte de uma prática experimental. É preciso inovar e criar pontes do saber para o povo. Uma prática paradoxal e possível numa sociedades ansiosa por realizações.
O apoio vindo da parte de um presidente e sempre importante para o desenvolvimento dos projetos tecnológicos da sociedade acadêmica
Um artigo atual e que suscita oportunas reflexões pelo conteúdo e a forma de abordagem do tema. Ideias bem concatenadas, claras e de fácil compreensão.
Bom texto! A Universidade é uma criação social que objetiva seu desenvolvimento. Na era da informação, a evolução científica e técnica brasileira parte principalmente dessa instituição, que, via de regra, busca atender os anseios sociais e propor-lhe alternativas inclusivas, seja na formação de recursos humanos de alto nível seja na produção de conhecimento cada vez mais úteis para a construção de uma povo cada vez mais livre, evoluído, justo e igual.