As políticas de captação e armazenamento de água colocaram o Brasil em posição de destaque no cumprimento das metas dos ODS da Agenda 2030 da ONU
Nas últimas décadas tem-se observado o uso de tecnologias sociais de captação e armazenamento de água de chuva para suprir a demanda hídrica da população rural, especialmente nas zonas áridas e semiáridas. A substituição das obras hídricas sofisticadas por estas tecnologias sociais ocorre devido, principalmente, ao baixo custo de implementação, a simplicidade de manutenção e operação e, ao menor consumo de energia elétrica.
A barragem subterrânea é uma importante tecnologia de captação e armazenamento e água de chuva utilizada mundialmente pelos agricultores (as) familiares, especialmente aqueles residentes em localidade com o déficit hídrico na maior parte do ano hidrológico. Nestes locais, a construção da barragem impedir o fluxo de água no perfil subsuperficial do solo durante o curto período chuvoso e, no período seco, a água armazenada na barragem é utilizada pelas famílias para o consumo doméstico e agrícola.
No Brasil, a Articulação do SemiÁrido (ASA Brasil), por meios de políticas públicas governamentais, construiu cerca de 1500 barragens subterrâneas no semiárido utilizando métodos de construção participativa com a valorização da mão de obra da família beneficiada e, aquisição de materiais de construção oriundos do comércio local, associado a um trabalho de sensibilização e mobilização social. O Programa Uma Terra e Duas Águas (P1+2) foi responsável pela construção destas obras hidro-ambiental, beneficiando mais de 5000 pessoas no semiárido brasileiro.
Existem vários modelos de construção de barragens e, a sua escolha deve seguir critérios técnicos locais como, espessura e largura do aluvião, gradiente do rio e geologia. Entretanto, recomenda-se o acompanhamento técnico na escolha do local de construção das barragens e, principalmente, para monitorar periodicamente as barragens construídas por meios da caracterização físico-química da água armazenada e do solo, evitando problemas de contaminação por metais pesados, acúmulo de sais em decorrência da ação antrópica.
É importante ressaltar que, as políticas de captação e armazenamento de água, conhecidas por tecnologias sociais de convivência com o semiárido, construídas no Nordeste a partir de 2003, colocaram o Brasil em posição de destaque no cumprimento das metas dos Objetivo do Desenvolvimento do Sustentável da Agenda 2030 da ONU, especialmente no que se refere a água limpa e saneamento, redução da pobreza extrema e fome zero e agricultura sustentável.
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Nildo da Silva Dias é Professor Associado da Universidade Federal Rural do Semi-Árido (Ufersa).
Nildo da Silva Dias
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