Grupo da Universidade Federal do Ceará desenvolve projeto para uso dessa terapia no alívio de dores em pessoas com a doença
O Ceará contabiliza 16.185 casos confirmados de febre chikungunya de janeiro a maio deste ano. Os dados foram divulgados em 19 de maio, pela Secretaria da Saúde (Sesa), no boletim epidemiológico de arboviroses. O número tem alarmado a população, profissionais de saúde e a comunidade acadêmica.
A geógrafa Gardênia Oliveira, 26, começou a sentir dores ainda no início de maio. “Eu sentia dores no punho e no ombro, como se tivesse dormido de mau jeito. Ao longo do dia, as dores foram piorando e começaram a se generalizar. Também tive febre e procurei a Unidade de Pronto Atendimento (UPA). A médica receitou Dipirona, além de um antialérgico, soro caseiro e um medicamento para náuseas. Depois que passou a fase crítica da doença, voltei a trabalhar, mas sempre tomando medicação. Se eu não tomar nada, sinto as dores e meus pés ficam inchados. A situação é preocupante. Na minha sala de trabalho 10 pessoas já pegaram chikungunya”, relatou.
Na Universidade Federal do Ceará, o Grupo de Atenção Integral e Pesquisa em Acupuntura e Medicina Tradicional Chinesa (GAIPA), ação de extensão do Departamento de Fisioterapia, está desenvolvendo projeto de pesquisa para tratamento dos sintomas da doença – como dores nas articulações – com auriculoterapia.
O projeto é coordenado pelo professor Bernardo Diniz Coutinho e vinculado ao Programa Interinstitucional de Doutorado em Ciências da Reabilitação (Dinter), parceria entre a Universidade Federal de Minas Gerais e a UFC.
Avaliando a eficiência
A pesquisa visa “avaliar a eficiência da auriculoterapia no tratamento da dor e da incapacidade dos pacientes com febre chikungunya”, o que a prática clínica já vem demonstrando, segundo o professor.
Os atendimentos são realizados com a população residente nas áreas próximas ao Posto de Saúde Anastácio Magalhães, onde o GAIPA atua. As sessões ocorrem às quartas-feiras, das 14h às 16h, e às sextas-feiras, das 8h às 11h. A partir desses atendimentos será formado o grupo que terá acompanhamento durante a pesquisa.
Para se tornar voluntário no projeto, o paciente deve levar para a consulta encaminhamento médico de unidade de saúde ou de equipe de saúde da família ou exame laboratorial comprovando a chikungunya. Depois de triagem de 50 pacientes, eles serão acompanhados ao longo de cinco semanas, uma sessão por semana.
De acordo com o professor Bernardo, a melhora pode ser percebida nas primeiras aplicações da auriculoterapia, “que é um tratamento seguro e de baixo custo”. Os resultados da pesquisa devem ser divulgados no fim deste ano ou no início de 2018. “Caso os resultados da pesquisa se mostrem significativos, o serviço poderá ser ampliado para a rede do Sistema Único de Saúde (SUS), via formação e treinamento dos profissionais da atenção básica”, afirma o pesquisador.
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