As plantas e a ciência – parte II #HojeÉDiadeCiência

terça-feira, 25 julho 2017

Na coluna de hoje, veja a continuação da série sobre plantas com grande importância para a história da humanidade

Continuando a nossa série de publicações sobre plantas com grande importância para a história da humanidade, vamos conhecer duas plantas que foram precursoras de remédios utilizados até hoje.

Salgueiro-branco (Salix alba)

Com certeza você possui o medicamento derivado desta planta, a aspirina! Os usos medicinais dos salicilatos, substâncias derivadas das plantas do gênero Salix, datam de 4000 A.C., mas somente em 1763 foram realizados os primeiros estudos clínicos utilizando o pó feito de raízes da planta para o tratamento de febre. Em 1829 o farmacêutico Francês Henri Leroux isolou a substância responsável pelos efeitos analgésicos do extrato, o ácido salicílico.

Figura 1: Folhagem da Salix alba, o nome da espécie (alba) faz alusão à branquitude das folhas.

No final dos anos 1800, o ácido salicílico já era produzido em grande escala pela companhia Alemã Heyden Chemical Company. Na mesma época, a empresa Bayer estava mudando do ramo de corantes para o ramo farmacêutico, e como parte das pesquisas por novos medicamentos, buscava a produção de um ácido salicílico “melhorado” já que este possuía efeitos colaterais severos à mucosa estomacal causando sangramento. Felix Hoffmann foi o encarregado da tarefa, ele possuía um grande interesse pessoal no êxito desta pesquisa, já que seu pai sofria com as dores do reumatismo e medicava-se com o ácido salicílico, que causava vômitos.

Figura 2: Transformação do ácido salicílico em ácido acetil-salicílico (aspirina).

A descoberta de Hoffman pode ser resumida na figura acima. Na estrutura do ácido salicílico(esquerda), existe um grupo funcional hidróxila (vermelho), a transformação desta hidroxíla em um grupo funcional acetil, dá origem ao ácido acetil-salicílico, a famosa aspirina. Esta pequena modificação estrutural faz toda a diferença e torna a aspirina muito menos agressiva à mucosa estomacal do que o ácido salicílico, embora ainda não seja recomendada para pessoas com problemas estomacais. A síntese da aspirina ajudou a tornar a Bayer uma empresa mundialmente conhecida, além de ter rendido uma fortuna.

Dedaleira (Digitalis purpúrea)

Esta planta herbácea produz um grupo de moléculas especiais e extremamente poderosas, os glicosídeos cardiotônicos. A figura 3 mostra as flores da dedaleira, seu nome popular vêm da semelhança destas com um dedal de costura. Fonte: Wikipedia, autor: Jensflorian.

Os primeiros usos medicinais da dedaleira foram descritos no ano de 1250, mas uma descrição dos efeitos clínicos de extratos da planta ocorreu somente no século XVIII, quando o médico e botânico William Withering publicou uma monografia a respeito. Os glicosídeos cardiotônicos principais encontrados na dedaleira são a digoxina e a digitoxina.

Como o próprio nome sugere, os glicosídeos cardiotônicos são substâncias que fazem o coração bater com mais força sendo drogas extremamente eficientes, utilizadas até hoje para o tratamento de insuficiência cardíaca.

A presença de moléculas tão úteis para a humanidade pode nos levar a uma conclusão de que as plantas sintetizam estas maravilhas para nós! Porém isso não é verdade. Toda substância sintetizada pela planta possui um uso em seu metabolismo, mesmo que não saibamos.

Fórmula estrutural da Digitoxina

Por serem organismos sésseis, ou seja, que não podem se locomover, elas necessitam de um enorme arsenal químico para se defender dos predadores, doenças e para se adaptar ao ambiente. Em seus 450 milhões de anos de evolução as plantas criaram esta enorme diversidade molecular, muito útil para si mesmas e para a humanidade.

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