As constelações invisíveis #HojeÉDiadeCiência

sexta-feira, 11 outubro 2019
Ursa menor, uma constelação invisível no hemisfério sul

Relembre a coluna sobre os grupos de estrelas que são vistos por uns e não por outros habitantes do planeta

Continuando nossa série de reprises, relembre o interessante texto de José Roberto Costa sobre as constelações invisíveis. Ele revela que as constelações que enxergamos dependem do local aonde estamos. Mas, afinal, o que podemos ver? Descubra agora.

(Equipe de Redação)

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Pergunte a um astrônomo: quantas constelações existem no céu? Oitenta e oito, será a resposta. Elas são agrupamentos imaginários de estrelas. Como aquele passatempo de juntar os pontos para formar um desenho.

São imaginários porque as estrelas não estão num mesmo plano, como acontece com os pontos no papel. É apenas uma ilusão. Também não podemos ver todas as 88 constelações do nosso quintal. Ainda que olhemos para o céu todas as noites restarão as constelações invisíveis…

Imagine uma pequena formiga sobre um balão numa festa infantil. Do ponto de vista dela é possível ver o teto do salão de festas e, talvez, até o bolo sobre a mesa. Para a formiga pode ser o bastante, mas para ver onde as crianças estão brincando, ou onde estão as mesas dos pais cheias de guloseimas, nossa amiga terá de sair do lugar. Resumindo: não dá para ver toda a festa estando parada num ponto qualquer do balão.

Esfera celeste

Com o passar dos meses, enquanto a Terra se move em torno do Sol, podemos ver diferentes constelações no céu noturno. No exemplo da formiga, é como se uma criança carregasse o balão enquanto caminha pelo salão (daí a formiga poderia ter diferentes pontos de vista da festa).

O mesmo ocorre quando olhamos para o céu. Tudo se passa como se fossemos formigas sobre um balão enorme, tentando observar o que há lá fora. É como se estivéssemos no meio de uma esfera enorme, salpicada de estrelas.

Essa esfera celeste é o “salão de festas” que tentamos investigar. Para mapeá-la por inteiro temos que nos mover para outros lugares ou pedir ajuda de quem mora longe. Simplesmente não dá para ver todo o firmamento olhando de um só lugar. Mesmo esperando a Terra se mover com o passar do ano

Lições de vida

Mas, afinal, o que podemos ver? Depende de onde estamos. O Brasil ocupa uma área considerável no planeta, desde um pouco ao Norte da linha do equador até quase 35o no hemisfério Sul.

Podemos perceber mudanças no aspecto do céu noturno numa viagem de férias para a região Sul. De qualquer lugar do país conseguiríamos ver, em algum momento do ano, a constelação do Cruzeiro do Sul. Mas nenhum parisiense, nova-iorquino ou japonês já observou essa bela constelação de seu jardim. É que o Cruzeiro do Sul é uma constelação invisível para eles.

Já se eu estou no hemisfério Norte vejo a constelação da Ursa Menor, onde há uma estrela chamada Polaris. Basta imaginar uma vertical de Polaris até o chão e ali estará o Norte geográfico. Melhor ainda: Polaris nunca se põe! Está no céu todas as noites indicando um rumo. Mas ela nunca é observada do hemisfério Sul! A Ursa Menor é uma constelação invisível para nós!

A cada noite o firmamento nos ensina, silenciosamente, lições de união e humildade. Parece que ainda não aprendemos bem nenhuma delas, mas enquanto continuarmos olhando para o céu restará uma esperança.

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Leia o texto anterior: Lixo espacial

Leia também: Astronomia no Zênite

José Roberto Costa

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