A covid permanece uma incógnita, por isso não vale a pena arriscar
Quem imaginaria no ápice da pandemia que a humanidade relaxaria os cuidados ao ponto de não haver uso de máscaras em qualquer tipo de ambiente (aberto e até fechado) em meio ao avanço da quarta onda de covid? Vivemos recentemente as festividades de São João no Nordeste e os agrupamentos já dão seus primeiros sinais de um aumento preocupante de casos.
Ao que parece, as pessoas cansaram do vírus ou perderam completamente o medo de seus efeitos, decidindo levar uma vida como antes. Aquilo que chamávamos de novo normal nem mais existe. É o velho normal de sempre, sem higiene nas mãos, sem cuidados de afastamento… O argumento usado é o de que vacina atenua os sintomas mais graves da doença, o que faz com o conceito de “gripezinha” tenha vencido a narrativa para gregos e troianos.
No entanto, quanto maior a contaminação maior será a probabilidade de adquirir sintomas da covid longa, que se refere a um conjunto de efeitos prolongados e intermitentes (meses) após a contaminação, podendo afetar severamente coração, pulmão e rins. Embora se tenha chegado a um conjunto seguro de vacinas eficientes, a ciência ainda desconhece as sequelas desta doença. As cobaias deste ensaio somos todos nós, infelizmente. Nossa saúde nos próximos anos servirá de receituário para o pós-covid, por tudo o que vier a acontecer com a humanidade.
Com isso, a estratégia de decretar o fim da doença e negligenciá-la foi pouquíssimo inteligente. Abrir a guarda para a uma doença desconhecida não é tão diferente de ter tomado ivermectina como medicamento de prevenção.
Pense nisso na próxima vez que frequentar um ambiente fechado sem máscara (e de cara para o vírus). A covid permanece uma incógnita. Não vale a pena arriscar.
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Helinando Oliveira é Professor da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf) desde 2004 e coordenador do Laboratório de Espectroscopia de Impedância e Materiais Orgânicos (LEIMO).
Helinando Oliveira
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