Fortaleza sedia evento que promove a troca de conhecimentos sobre jornalismo, ciência de dados e programação
Nos últimos anos, o jornalismo, a ciência de dados e a programação têm empreendido valiosos esforços de integração. Grandes veículos como New York Times, The Washington Post e The Guardian popularizaram o uso de visualizações para dar suporte a argumentos com números e para tornar suas mensagens mais acessíveis. A edição de Fortaleza do Cerveja com Dados foi organizada pela jornalista Thays Lavor e foi realizada no dia 31 de agosto, no restaurante Cantinho do Frango.
As palestras ou “Lightning talks” tiveram as seguintes temáticas: Como (não) mentir com visualizações, Microdados da PNAD para tornar matérias jornalísticas mais precisas e profundas, Processamento de linguagem natural e O que 15 mil tweets revelam sobre seu candidato [ao vivo, via web].
Inspirando-se no livro “How to lie with statistics”(Como mentir com estatística), a professora Emanuele Santos do Departamento de Computação da Universidade Federal do Ceará (UFC), mostrou que estudos demonstram que notícias contendo visualizações são mais persuasivas do que notícias contendo tabelas e que alguns tipos de visualizações podem gerar interpretações erradas pelos leitores.
Em sua palestra sobre Processamento de Linguagem Natural (PNL), Tales Matos, estudante do curso de Doutorado em Ciências da Computação da UFC, falou sobre as várias implicações desse ramo da inteligência artificial nas formas de interação entre computadores e seres humanos. De acordo com o pesquisador, a PNL será uma tecnologia importante para preencher a lacuna entre a comunicação humana e os dados digitais. Alguns exemplos famosos são a assistente virtual SIRI e o Google Tradutor.
O pesquisador Jackson Alves de Aquino, doutor em Sociologia e Política pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), explicou como os microdados extraídos da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD) podem ser utilizados em matérias jornalísticas, permitindo análises como inferências sobre a dinâmica familiar no Brasil, por exemplo.
O jornalista Rodrigo Menegat, especialista em Jornalismo de Dados pela Universidade de Columbia (EUA), e que hoje integra a equipe de infografia do Estadão, mostrou que o jornal analisou 15 mil tweets publicados por então pré-candidatos à Presidência da República e descobriu quais são os temas mais centrais no discurso de cada um.
Para o jornalista Emílio Moreno, esse tipo de evento é importante para aproximar áreas distintas. “A apresentação da professora Emanuele Santos foi muito rica. Ela chamou atenção para as distorções que podem ser produzidas pelos gráficos em reportagens, algo a que nós, como comunicadores, nem sempre estamos atentos”, comentou.
A próxima cidade a receber o “Cerveja com Dados” será João Pessoa, no dia 22 de setembro. Outras informações sobre o evento podem ser obtidas no site da Escola de Dados.
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Leia o texto anterior: Sem palavras, apenas tristeza
Giselle Soares é jornalista, graduada pela Universidade Federal do Ceará, com especialização em Jornalismo Científico pela mesma instituição e Mestrado em Divulgação Científica e Cultural pelo Laboratório de Estudos Avançados em Jornalismo da Unicamp.
Giselle Soares
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