A hashtag #CO2 repercutiu na ciência, na mídia e nos tribunais em 2018 Coluna do Jucá

quinta-feira, 27 dezembro 2018

Fechando o ano, Thiago Jucá destaca mais um assunto que marcou o cenário científico mundial em 2018

Continuando com os assuntos que marcaram a comunidade científica no ano de 2018, o colunista que vos escreve considerou que a hashtag #CO2 também esteve na crista da onda, assim como a técnica Crispr/CAS9 e o herbicida glifosato. Esse assunto teve uma repercussão ainda maior devido ao estudo publicado pelo historiador da Universidade de Stanford, Benjamin Franta, na revista Nature Climate Change, agora em dezembro. Nele, Franta descreve o contexto histórico dos fatos que envolveram a primeira pesquisa conhecida financiada pela indústria do petróleo sobre mudança climática.

Essa pesquisa foi liderada pelo geoquímico Harrison Brown em parceria com os seus colegas do Instituto de Tecnologia da Califórnia (Caltech). A ideia desses pesquisadores era determinar as variações e as causas das variações da composição isotópica do carbono na natureza. Isto é, eles queriam entender o ciclo geológico e biológico do carbono, estudando as relações entre Carbono 12 e Carbono 13 em sistemas terrestres, marinhos e minerais, por meio de novos equipamentos de espectrometria de massa. Porém, a equipe de Brown já tinha resultados preliminares sobre essas variações estudando os anéis de crescimento de árvores, os quais mostravam que o processo de variação dessa composição era marcado por um aumento constante, em relação ao tempo, na relação C–12/C–13.

Os autores tentaram convencer os membros do Instituto Americano de Petróleo (API) a financiarem esse estudo argumentando que: “Os resultados indicaram que os combustíveis fósseis causaram um aumento nas concentrações atmosféricas de CO2 de cerca de 5% ao longo do século passado”. A submissão do projeto ocorrera em 1954, e já no ano seguinte, com a sua aprovação, iniciou-se o seu financiamento com o nome de Projeto 53.

Para muitos, o aumento da concentração de CO2 na atmosfera não passa de uma visão de cunho ideológico. Fonte: Google.

Resumo da ópera: não tardou para que os resultados mostrassem aos membros do instituto americano e de outros segmentos da indústria do petróleo, ainda na década de 60, que os combustíveis fósseis eram responsáveis, em grande parte, pelo aumento das concentrações atmosféricas de CO2, e que tal aumento tinha implicações potencialmente perigosas para o clima do planeta. O presidente do API, Frank Ikard, ao tratar desse assunto na reunião anual da organização em 1965, disse: “Este relatório inquestionavelmente vai estimular as emoções, elevar os medos e trazer demandas por ações (…) ainda há tempo para salvar a população mundial de uma poluição de consequência catastrófica, mas o tempo está se esgotando”. E continua: “(…) O CO2 está sendo adicionado à atmosfera terrestre pela queima de carvão, petróleo e gás natural de tal maneira que, até o ano 2000, as mudanças no clima serão marcantes”. E conclui: “(…) as alternativas não poluentes se tornarão uma necessidade nacional”.

Esse assunto repercutiu não só na mídia como nos tribunais. O jornal inglês The Guardian publicou uma matéria sobre documentos da década de 80 recentemente encontrados, mostrando que as gigantes petrolíferas Shell e Exxon já previam, por meio de alertas secretos, os danos globais que seriam causados pela queima dos seus produtos. Já a Justiça do Estado de Nova York, por meio de uma ação impetrada contra a Exxon, acusa-a de omitir dos seus acionistas os impactos dos negócios da companhia em relação à mudança climática.

Talvez os estudos e os resultados atuais e antigos acerca da mudança climática sejam apenas fruto da imaginação de muitos desses pesquisadores. Quem sabe até uma espécie de doutrinação de uma ideologia científica. Quanto aos fatos, pouco importa. O que se acha sobre o assunto é muito mais factual e pertinente. Por isso, torço para que o verão seja de muito sol e calor. Afinal, na praia, com sombra e água de coco e/ou cerveja/água bem gelada nem faz tanto calor assim.

Referências
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Leia o texto anterior: A hastag #glifosato repercutiu na ciência, na mídia e nos tribunais em 2018

Thiago Jucá é biólogo, doutor em Bioquímica de Plantas e empregado da Petrobrás.

Thiago Jucá

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