A estrela mais próxima do Sol #HojeÉDiadeCiência

sexta-feira, 12 janeiro 2018
Podemos ver a aproximação do sistema Alpha Centauri com o planeta Terra. (Imagem: Reuters)

Três estrelas unidas gravitacionalmente formam o sistema Alpha Centauri, a “família estelar” que fica a 4,36 anos-luz de distância do sol

Até onde sabemos, o Sol é uma estrela solitária. É claro que só em nossa galáxia há mais de uma centena de bilhões de outras estrelas. Porém, mesmo na Via Láctea, cerca de três em cada quatro estrelas possui uma companheira orbital, isto é, são pelo menos duas estrelas irmãs girando em torno de um centro comum de gravidade.

É o caso da “família estelar” mais próxima, o sistema Alpha Centauri, composto por três estrelas, Alpha Centauri A, B e C. No céu, vemos este sistema a olho nu (mas não conseguimos diferenciar suas componentes).

Basta localizar o famoso Cruzeiro do Sul. Feito isso, à esquerda dessa constelação veremos duas estrelas muito brilhantes que quase “apontam” o Cruzeiro. Elas, inclusive, são popularmente conhecidas como as Guardas do Cruzeiro.

Como estamos de frente para o Sul, a estrela mais à esquerda (ou à Leste) das Guardas é o sistema que procuramos. Aquele brilho intenso não provém de apenas uma, mas de três estrelas combinadas, uma das quais chamamos Próxima (Alpha Centauri C), por ser ela – adivinhem – a estrela mais próxima da Terra depois do próprio Sol.

Sistema Alpha Centauri em relação ao sol. (Google Imagens)

Sistema estelar

O sistema Alpha Centauri fica a 4,36 anos-luz de distância (ou seja, 4 anos e dezoito semanas de viagem, à velocidade da luz) ou cerca de 41 quadrilhões de quilômetros. Próxima se estica um pouco mais em nossa direção, ficando a cerca de 4,22 anos-luz; uns dois quadrilhões de quilômetros mais perto (à velocidade da luz, isso representaria sete semanas a menos de viagem!).

Próxima é uma estrela anã, de cor vermelha, muito mais fria que suas companheiras, Alpha Centauri A e B , estas sim, as principais estrelas do sistema. Elas giram uma em volta da outra em 80 anos, a uma distância média de 3600 milhões de quilômetros (mais ou menos a distância entre o Sol e o planeta Urano). Próxima gira em torno de suas duas irmãs a uma distância de mais de um bilhão de quilômetros. Por isso leva milhões de anos para completar uma só órbita.

As duas estrelas brilhantes são (esquerda) Alpha Centauri e (à direita) Alpha Centauri B. A fraca estrela vermelha no centro do círculo vermelho é Proxima Centauri (Imagem: Skatebiker)

Caso a estrela A do sistema Alpha Centauri estivesse no lugar do Sol, quase não notaríamos a diferença, de tão parecidas as duas. Já a estrela B é um pouco menor e menos quente que o Sol. Assim mesmo, se a Terra estivesse em órbita da estrela A, avistaríamos B no céu como um ponto de luz cem vezes mais luminoso que a Lua Cheia.

Um detalhe curioso: a órbita dessas duas componentes, A e B, é muito excêntrica. O que significa que de tempos em tempos as duas se aproximam significativamente uma da outra. Nessa ocasião, e ainda imaginando que a Terra estivesse em órbita de Alpha Centauri A, veríamos a estrela B brilhando 1400 mais que a Lua cheia (e ainda assim isso seria somente 1/326 do brilho de A, ou do nosso Sol).

Duas brilham menos que uma

Teoricamente, e a despeito dessa excentricidade orbital, se a Terra estivesse circundando Alpha Centauri A em vez do Sol, a presença da estrela B não nos causaria problemas (muito menos a estrela C, Próxima).

Ela permanece tão distante mesmo em sua maior aproximação de A que sua interação gravitacional nunca seria forte o suficiente para afetar a órbita da Terra. Nada contra o nosso precioso Sol… Mas não seria um espetáculo digno de ficção científica avistarmos duas estrelas no céu diurno, em vez de apenas uma?

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Leia o texto Radioastronomia, do mesmo autor.

José Roberto de Vasconcelos Costa, de Astronomia no Zênite - www.zenite.nu

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