Conheçam a geração de energia por triboeletricidade que representa uma metodologia ecologicamente correta
Precisamos de energia nas mais diversas formas para manter nosso corpo funcionando, para ligar os eletrodomésticos, conectá-los à internet, para realizar grandes deslocamentos (carro, trem e avião). Ou seja, para tudo. Essa energia vem de diferentes fontes: desde a carne que consumimos nas refeições, passando pela queda da água, na queima de combustíveis chegando até à luz do sol.
Com o crescimento populacional e de expectativa de vida, urge a necessidade de captação de energia por meios que não degradem ainda mais o meio ambiente. Isso significa que há uma necessidade clara do não consumo de carne, já que grandes áreas das escassas florestas vêm dando vez para a criação de gado. Com isso, o consumo da carne passa a guardar uma relação muito direta com o clima no planeta, o que conduz à necessidade de produção de carnes cultiváveis.
No mesmo sentido, a captação de energia pelo movimento do corpo e objetos (pneus e movimento das marés) pode minimizar o consumo de combustíveis fósseis e segue como uma estratégia promissora para coleta de pequenas quantidades de energia. Se cada habitante o planeta armazenar a energia de seu movimento diário podemos reduzir enormemente a dependência do planeta com fontes não renováveis de energia, ao ponto de chegarmos aos tão esperados dispositivos eletrônicos autônomos.
Para entendê-los, farei uma ilustração: imagine vestir uma camiseta que capta a energia do seu movimento e a armazena em minúsculos capacitores. Com isso, ao voltar para casa seria possível ligar a camiseta para carregar seu celular ou mesmo na tomada, para passar a energia coletada para a rede, tal qual fazem atualmente as células solares.
Esta possibilidade ainda pode soar como ficção científica para alguns, porém já é uma realidade nas bancadas do Laboratório de Espectroscopia de Impedância e Materiais Orgânicos (LEIMO) da Univasf. Em trabalho recente publicado na ACS Applied Electronic Materials (disponível em https://pubs.acs.org/doi/full/10.1021/acsaelm.1c01028), nosso grupo descreve um tecido de algodão modificado que faz uso do efeito triboelétrico para gerar energia separação de cargas elétricas (e, portanto, energia) pelo simples contato e separação da pele com o tecido. Com a conexão direta do tecido a supercapacitores (feitos também de tecido) é possível guardar a energia sob forma de um potencial elétrico contínuo que está disponível para ativar dispositivos eletrônicos.
Este processo simples e econômico já vem chamando a atenção dos cientistas como um método que aproveita uma grande quantidade de energia que é desperdiçada todos os dias por cada um de nós. E para além de todas as propriedades já elencadas, a geração de energia por triboeletricidade representa uma metodologia ecologicamente correta que não carece da queima de combustíveis fósseis para alimentar portáteis eletrônicos e interligados na já famosa internet das coisas.
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Leia o texto anterior: O que há de se esperar de um país que zera os investimentos em pesquisa?
Helinando Oliveira é Professor da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf) desde 2004 e coordenador do Laboratório de Espectroscopia de Impedância e Materiais Orgânicos (LEIMO).
Helinando Oliveira
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