A ciência como uma voz política diante das doenças negligenciadas – Parte 1 Coluna do Jucá

quinta-feira, 23 maio 2019

De acordo com a Organização Mundial de Saúde, as doenças ditas “negligenciadas” acometem principalmente as populações sob forte vulnerabilidade social

Por que há poucas drogas contra doenças negligenciadas? Esse foi o título da matéria publicada pelo Jornal Nexo no mês de fevereiro desse ano. A matéria trouxe como destaque que, entre 2012 e 2018, apenas 3,1% dos novos medicamentos lançados pela indústria farmacêutica foram destinados para doenças como malária, tuberculose e leishmaniose. Esses dados estão disponíveis no artigo publicado por pesquisadores brasileiros na prestigiada revista The Lancet, também em fevereiro, e intitulado, em tradução livre, “Drogas e vacinas no século XXI para doenças negligenciadas”.

Mas, afinal, por que algumas doenças tropicais são chamadas de “negligenciadas”? De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), esse termo refere-se às doenças que acometem populações pobres e que vivem em áreas rurais muitas vezes distantes, em aglomerados urbanos empobrecidos (favelas), como também em zonas de conflito. Essas pessoas normalmente carregam consigo um status de baixa prioridade nas políticas públicas globais, a despeito, no caso do nosso país, das garantias de saúde constitucionalmente preconizadas a todos, bem como do esforço e da cobertura de atendimento “amplo” e “irrestrito” do SUS.

Ainda de acordo com a OMS, essas doenças afetam mais de 1 bilhão de pessoas no mundo, principalmente em regiões tropicais e subtropicais. Nos países onde há maior prevalência dessas doenças, as economias são de baixa à baixíssima renda e as populações carecem de condições básicas como água limpa, saneamento e habitação. Daí, a associação dessas doenças com a pobreza. Em condições assim, as crianças são, infelizmente, os alvos mais vulneráveis.

Apesar das condições degradantes, as quais essas populações estão submetidas na maioria das vezes, há algo animador nisso tudo. Muitas dessas doenças podem ser completamente erradicadas, eliminadas e prevenidas com melhorias econômicas e sociais básicas. Além disso, as ações preventivas de cunho comunitário são extremamente eficientes.

Referências

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Leia o texto anterior: O que o Aedes aegypti tem a ensinar sobre nós mesmos?

Thiago Jucá é biólogo, doutor em Bioquímica de Plantas e empregado da Petrobrás.

Thiago Jucá

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