Vacina para todos é tudo o que podemos desejar para esta início de ano novo
Há um certo romantismo nesta época do ano. As pessoas planejam um novo começo, prometem isso e aquilo, mas normalmente esquecem no dia dois de janeiro. Evidentemente que um ano novo não se livra das mazelas do ano anterior assim tão fácil. Não temos como trancafiar a covid em 2020 e declará-la como coisa do passado. Só quem pode fazer isso é um plano de vacinação em massa (o mais rápido possível). Sim, vacina para todos é tudo o que podemos desejar para o início de 2021, pois só assim o planeta pode adquirir imunidade frente a este terrível vírus.
Mas precisamos de muito mais para o futuro. E como 2021 ainda é futuro… Precisamos de uma sociedade que reconheça a importância da educação, de um povo que defenda a ciência feita em seu país. Precisamos de crianças que queiram ser cientistas, astronautas, médicos, engenheiros e professores. Sim. Precisamos de professores. Professores que sejam respeitados e que ensinem nosso povo a sonhar. Porque aprender matemática pode ser fácil. Só que mais belo ainda é aprender matemática sonhando com dias melhores.
E tudo isso começa com uma população que confie na ciência. Precisamos perceber o mais rápido possível que o planeta está doente. A covid foi o primeiro sintoma grave. Outros vírus e bactérias estão ansiosos para nos testar. E o ser humano precisa enfim compreender que cada espécie que some do planeta contribui com o desequilíbrio de um balanço delicado que está sendo irresponsavelmente deslocado por nossa espécie.
Isso mostra que tudo o que aconteceu em 2020 pode ser apenas a ponta do iceberg do que nos espera no futuro próximo. Vivemos um grande incêndio conceitual provocado pelo vírus (incêndio que atormentou tantas nações e grandes impérios). Todos aprenderam com estes momentos e se reinventaram para continuar existindo. 2021 é especial por conter uma resposta fundamental à nossa existência: para além da vacina, o que o vírus nos ensinou? O que a espécie humana quer fazer para mudar os rumos desta história?
O negacionismo aliado ao capitalismo tenta encobrir as respostas mais claras as questões. Se não for possível mudar o planeta, temo que permaneceremos à mercê destes diminutos e poderosos seres que conseguem em tão pouco tempo paralisar todo um planeta.
Então, para manter a tradição de ultima coluna do ano, deixo um pedido: um planeta menos injusto e mais humano, com mais ciência e menos achismos, com mais sorrisos e abraços. Menos ódio, adeus pandemia.
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Leia o texto anterior: Retrospectiva 2020: o ano dos extremos
Helinando Oliveira é Professor da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf) desde 2004 e coordenador do Laboratório de Espectroscopia de Impedância e Materiais Orgânicos (LEIMO).
Helinando Oliveira
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