As manifestações que tomaram as ruas do Brasil no dia 15 de maio mostraram em alto e bom som que a Educação não é mercadoria!
O dia 15 de maio foi marcado por manifestações espontâneas a favor da educação por todo o país. Estudantes e professores foram às ruas defender a educação pública, caminhos diretos para a dignidade de um povo (a rua e a universidade). O protesto fez parte de uma reação imediata ao corte linear de 30% no orçamento do MEC para as Universidades Federais– o que vem a impactar a educação em todos os níveis. E esta reação intensa (foi estimado um público de 1,5 milhão de pessoas nas ruas) reflete o tratamento que vem sendo dado ao assunto: no início, os 30% de corte caíram sobre três universidades, por motivo de balbúrdia – o que logo foi expandido para todas as outras – indistintamente. As justificativas foram as mais simplistas possíveis: não há como comparar a educação de um país continental com uma caixinha de bombons (não há como partir os bombons do salário dos servidores, por exemplo). Se é contingenciamento ou corte, as consequências são as mesmas: contingenciamento existe apenas na cabeça de quem detém a chave do cofre, já para aquele que deixa de receber, é corte mesmo! Não há outro termo para justificar a demissão de terceirizados, corte de bolsas, fechamento de financiamentos de pesquisa! Não dá para congelar estas coisas e voltar do ponto de onde parou. A ciência segue e com isso são definidas as nações que dominam e as que são dominadas pelo controle do conhecimento. Educação não é mercadoria!
Da mesma forma, a gestão da educação no Brasil não pode e não deve ser comparada ao pai que contingencia a grana para a festa de 15 anos da filha. Ele trava o orçamento do barzinho, bebe menos cervejas para que no final do ano sobre dinheiro para o vestido da debutante. Todavia, a Universidade e a educação no Brasil não podem ser confundidas com balbúrdias, festinhas e cerveja… Estamos falando do futuro de uma nação. E não é justo arriscar o futuro de uma geração por um mero vestido de debutante. Educação não é mercadoria!
Mesmo que este vestido, causa maior dos cortes, seja o fruto do desejo do mercado da educação, justamente aquele que não reagiu bem à reversão do corte – que se diz contingenciamento. Educação não é mercadoria!
E assim segue o ataque à educação pública, ao ponto de se rotular nosso futuro de idiota útil e imbecil. Mas longe de tudo isso, o futuro respira fundo e grita a plenos pulmões – ele não admite rótulos pejorativos – o futuro é o agora que se projeta no amanhã. À frente de tudo isso estão os destemidos jovens – combustível deste planeta, que seguem a gritar nas ruas do Brasil: Educação não é mercadoria!
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Helinando Oliveira é Professor da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf) desde 2004 e coordenador do Laboratório de Espectroscopia de Impedância e Materiais Orgânicos (LEIMO).
Helinando Oliveira
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