A humanidade está procurando a sustentabilidade ou está ignorando os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU e perpetuando as desigualdades sociais e desastres ambientais?
Hoje, o professor Helinando Oliveira discute se a humanidade está procurando seguir o caminho da sustentabilidade. Ou será que, no caminho inverso, há descaso com os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU e perpetuação das desigualdades sociais e desastres ambientais?
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Quando se fala em sustentabilidade, algo automático em nossa mente deveria nos conectar aos 17 objetivos de desenvolvimento sustentável da ONU, resumidos no quadro que abre esse texto.
Ao observar de forma integrada o quadro, surge claramente a palavra “igualdade”. Entendemos que ela permeia a erradicação da pobreza, a fome zero, uma saúde e educação universal e de qualidade, trabalho decente e redução de desigualdades. E além de tudo isso, a igualdade tem um olhar integrado para todas as formas de vida (terra e água).
O caminho que seguimos, no entanto, vai na contramão de tudo isso. A exclusão social e “a oportunidade da falta de emprego” levaram brasileiros a se sentirem empresários de si mesmo. Essas pessoas prejudicadas pela redução de direitos trabalhistas, chegam a trabalhar 20 horas por dia e sete dias por semana.
A aporofobia e a pobreza menstrual são apenas constatações modernas de uma sociedade excludente. Quem pode (e mesmo quem não pode), anseia por se isolar do próprio povo em condomínios de luxo, com seus planos de segurança e saúde privados.
E se ainda não bastasse tudo isso, uma rápida olhada no noticiário nos mostra a cor dos filtros de ar em São Paulo e Rio de Janeiro. O que se vê é provocado por um verão de queimadas e o verão ainda nem começou. Embora as imagens sejam estarrecedoras, a conhecida “chuva de pó preto” já é bem comum em várias cidades brasileiras. Moradores de Petrolina (PE) e Juazeiro (BA) já aguardam a colheita da cana, para respirar um ar de péssima qualidade.
Neste ponto cabe perguntar: se não estamos no rumo das 17 ODS da ONU, que sustentabilidade é esta que estamos seguindo? Arriscaria responder que é a sustentabilidade do mercado. A que se resume a manter os modos de produção para acúmulo de renda nas mãos de cada vez menos gente.
Senão vejamos: como justificar a produção de carros a gasolina em pleno 2024? Porque incentivar a escravização moderna do trabalhador? Como conceber a geração de energia por termoelétricas tendo tanto sol (energia solar)?
Definitivamente, seguimos rumo a um arranjo de grandes desastres ambientais, que vão das enchentes aos grandes incêndios e que inviabilizarão a vida na terra em pouco tempo. E a sustentabilidade? Por enquanto, ela é dos lucros de investidores e pelo bom humor do mercado.
Leia o texto anterior: Laboratório de portas abertas
Helinando Oliveira é físico, professor titular da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf) e atualmente é vice presidente da Academia Pernambucana de Ciências
Helinando Oliveira
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