Vale a pena fazer pós-graduação no Brasil? Artigos

sexta-feira, 27 setembro 2024
SBPC denuncia que a Fapern não está cumprindo sua função de promover o desenvolvimento cientifico no RN (Foto: Ascom ISD)

Relatório aponta que empregabilidade é mais alta para quem tem título de mestre e doutor

Quando os jovens estão próximo do final de um curso universitário, é comum ficarem na dúvida entre buscar um emprego ou fazer uma pós-graduação. As vezes por necessidade ou inexperiência, escolhem o emprego e fazem isto sem planejar o próprio futuro. Aqui, eu convido o leitor jovem a pensar seriamente em escolher uma pós-graduação e justifico a partir de dados de que vale a pena fazer um mestrado e um doutorado.

Entrar na pós-graduação para um jovem que recém saiu da graduação é uma forma de postergar sua entrada no mercado de trabalho e isso as vezes faz com os jovens desistam do mestrado e garantam seus empregos. Afinal, as vagas de emprego no mercado de trabalho são cada vez mais escassas. Porém, isto não reflete a realidade do mercado de trabalho brasileiro.

Uma análise dos dados produzidos pelo Centro de Gestão e Estudo Estratégicos (CGEE) cuja missão é realizar estudos de prospecção e avaliação estratégica para contribuir com o Sistema Nacional de Ciência e Tecnologia e Inovação (SNCTI) e publicada no documento “Mestre e Doutores – Brasil 2024” mostra claramente que em relação a possibilidade de conseguir uma vaga no mercado de trabalho, vale a pena ter uma pós-graduação concluída.

Quando analisamos o crescimento de empregos formais no Brasil entre 2009 e 2021, encontros que o aumento foi de apenas 26%, porém, para quem concluiu uma pós-graduação este aumento foi muito superior, sendo de 192% e 139% de novos empregos formais para que quem concluir um doutorado ou mestrado respectivamente durante este período, como mostra o gráfico.

Crescimento no numero de empregados formais mestres, doutores e total 2009-20221 (Fonte: CGEE)

Além disso, não é só o aumento do número de empregos formais que gostaríamos de destacar, mas que as taxas de crescimento do emprego formal de mestres e de doutores não são afetadas pelas intemperes da atividade econômica e das crises políticas.

No gráfico 2 mostramos que a taxa de crescimento do emprego formal total no Brasil segue a taxas anuais de crescimento do PIB. Por exemplo, no ano de 2015, o PIB caiu 3,6% e emprego formal total caiu 3,0%, mas o emprego formal de mestres e de doutores teve crescimento, respectivamente de 6,4% e 9,5%.  Estes dados mostram claramente que as flutuações anuais do emprego formal de mestres e de doutores apresentam uma resiliência às flutuações negativas do nível de atividade produzidas por crises políticas e econômicas.

Assim, nosso conselho para os jovens é que eles busquem uma pós-graduação, ou seja, fazer mestrado e doutorado vale a pena, principalmente quando pensamos nas possibilidades de conseguimos um emprego formal.

Todavia, nem toda a realidade desta análise são boas notícias. Pois a média do número de empregos formais com mestre ou doutores ainda é pequena e precisa crescer, assim como o número de matrícula e conclusão em cursos de mestrado e doutorado. Quando comparamos o número de empregos formais com outros países, no Brasil a participação de mestres e de doutores na força de trabalho ainda é muito pequena em relação aos países da União Europeia, e esta diferença é maior ainda no caso dos doutores. Este é mais um motivo para os jovens brasileiros fazerem pós-graduação e nós estamos esperando vocês.

Para ler o relatório Brasil: Mestres e Doutores 2024 na íntegra, acesse aqui.

Leia outro artigo do mesmo autor: A Fapern não está cumprindo o seu papel de apoio à ciência

John Fontenele Araujo é professor titular do Departamento de Fisiologia e do Programa de Pós-Graduação em Psicobiologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte

John Fontenele Araujo

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