Natália Roos aborda projeto que usa estratégia pioneira no Brasil para marcação de tartarugas marinhas no Atol das Rocas.
O projeto de marcação de tartarugas marinhas com microchip, no Brasil, teve sua primeira expedição realizada entre fevereiro e maio de 2015 na Reserva Biológica do Atol das Rocas, onde foram microchipadas 108 tartarugas . O trabalho continua e a expedição de 2016 já está sendo realizada.
Este é um projeto pioneiro que além de utilizar uma nova estratégia de marcação para as tartarugas marinhas, também está avaliando a saúde dos animais numa das principais áreas de reprodução de tartarugas-marinhas no Brasil, a Reserva Biológica do Atol das Rocas.
Porque ele é considerado novo? Por que atualmente as tartarugas marinhas no Brasil são marcadas apenas com anilhas metálicas que vão se perdendo ao longo dos anos, deixando nos animais apenas cicatrizes e não os identificando corretamente. No ano passado, das 108 tartarugas, quase 40 animais apresentavam cicatrizes de marcação, ou seja, a anilha havia sido perdida. Já os microchips, que são utilizados com frequência internacionalmente, por serem introduzidos nos animais, não são perdidos facilmente, necessitando apenas de uma só aplicação.
Porque avaliar a saúde? Por que são animais ameaçados de extinção e todas as informações pertinentes a sua condição física devem ser levadas em consideração. O projeto também inclui estudos hormonais, parasitológicos, avaliação hematológica, entre outros. Além disso, também está sendo avaliado se há algum indício de contaminação por poluentes orgânicos, como: organoclorados e HPAs (hidrocarbonetos policíclicos aromáticos).
O trabalho com as tartarugas é realizado em equipe e sempre à noite estendendo-se pela madrugada, momento em que as tartarugas desovam. O foco é a tartaruga-verde (Chelonia mydas), espécie que desova no período entre fevereiro e maio, prioritariamente em ilhas oceânicas como o Atol das Rocas. Além da tartaruga verde, uma outra espécie também visita as águas do Atol das Rocas, trata-se da Eretmochelys imbricata conhecida popularmente como tartaruga-de-pente, porém, esta espécie não costuma utilizar a área para fins reprodutivos.
A microchipagem é feita através de um aplicador e sua verificação é realizada através de um leitor digital. Ao aproximar o leitor do local onde o microchip foi aplicado a identificação rapidamente aparece. Cada microchip possui uma identificação única que ficará na tartaruga pelo resto de sua vida.
Diversos profissionais e pesquisadores tiveram (e estão tendo) a oportunidade de participar do projeto, dentre eles veterinários, biólogos e ecólogos. Vale ressaltar que um outro objetivo deste projeto é que as informações se tornem parte de estudos maiores como dissertações de mestrados e teses de doutorados, pois abrange várias instituições de ensino nacionais como internacionais, como: Universidade de São Paulo, Universidade Federal Rural de Pernambuco, e apoio de pesquisadores da University of Florida e Kingston University. Para a coordenadora do projeto Dra. Paula Baldassin, esse projeto irá proporcionar um avanço no conhecimento da saúde destes animais, pois “além de conseguirmos marcar com mais confiabilidade os animais do estudo, poderemos avaliar a saúde das tartarugas por anos”.
Todas as numerações dos 108 microchips, utilizados no período reprodutivo de 2015, foram enviados para o Inventário de marcação de Tartarugas Marinhas do The Archie Carr Center for Sea Turtle Research (ACCSTR) na Universidade da Florida. Esse inventário também está à disposição no site da BW (http://bwvet.com.br/site/) para qualquer indivíduo que queira relatar o encontro com uma tartaruga marcada.
O projeto é realizado sob a licença do Sistema de Autorização e Informação em Biodiversidade (Sisbio) número 40636-3, e tem como patrocinadores as empresas: IGUI Piscinas, Gorski Integradora, além de contar com o apoio da Olé Web Comunicação, da BW Consultoria Veterinária e Instituto Oceanográfico da USP e está sendo executado em parceria com a Reserva Biológica Atol Das Rocas/ ICMBio/MMA.
Natália Roos – Ecóloga / Doutorado em Ecologia em andamento – UFRN / Fishing Ecology, Management and Economics – FEME. Pesquisadora participante do Projeto de Marcação de Tartarugas Marinhas, na expedição de 2015. Atuou no monitoramento e aplicação do microchip nas tartarugas no Atol das Rocas.
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