O estado da inovação no Rio Grande do Norte Artigos

sexta-feira, 7 outubro 2016

Julio Rezende, diretor de Inovação da Fundação de Apoio à Pesquisa do RN – FAPERN, analisa a estratégia de desenvolvimento do estado que ficou conhecida como Hélice Tríplice

Qualquer esforço de caracterização do status da inovação em um território merece uma análise referente às seguintes dimensões: Empresas, Universidade e Governo. O referido escopo de análise e proposição de estratégias de desenvolvimento ficou conhecido como Hélice Tríplice.

No ambiente de empreendedorismo a terminologia “Ecossistema” se irradiou. O termo importado do campo de estudo da ecologia organizacional designa um ambiente no qual se disseminam ações de empreendedorismo, criando um espaço mais favorável ao florescimento de novas organizações.

O movimento empreendedor acontece per se. Isto é: ele se autorregula; ele se adapta; ele cresce; ele morre; ele se renova! Registram-se movimentos empreendedores independentes que têm organizado eventos como o Natal Startup Weekend entre outras iniciativas de fomento ao empreendedorismo e a inovação.

Identifica-se nesse cenário de empreendedorismo a irradiação das startups, novos modelos de negócio com alta possibilidade de alcançar altas taxas de crescimento e de atrair a atenção de investidores.

No contexto do Sistema de Inovação no Rio Grande do Norte assume função importante o SEBRAE, a Federação das Indústrias e o SENAI possuindo cada um metodologias próprias de fomento à inovação e ao empreendedorismo.

O estado da inovação no Rio Grande do Norte possui fundamental contribuição das instituições de ensino e pesquisa. No que se refere ao exame da Hélice Universidade registrar-se-ia instituições importantes como: 1. Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN, 2. Universidade do Estado do Rio Grande do Norte – UERN, 3. Universidade Federal Rural do Semiárido– UFERSA, 4. Universidade Potiguar – UnP, 5. Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte – IFRN, entre outras instituições privadas de ensino superior.

Quanto aos centros de pesquisa especializados, que também se inseririam quando se compreende a Hélice Universidade, poder-se-ia mencionar a atuação importante das seguintes organizações: 1. Centro de Tecnologias do Gás & Energias Renováveis – CTGÁS-ER; 2. Empresa de Pesquisa Agropecuária – EMPARN; 3. Instituto SENAI de Inovação – ISI em Energias Renováveis e 4. Instituto SENAI de Tecnologia em Petróleo e Gás.

É pertinente cada um dos atores/hélices assumirem responsabilidades de melhoria do funcionamento do Sistema Local de Inovação. No que se refere ao exame da atuação da Hélice Governo, verifica-se muito importante a atuação das instituições governamentais que tanto realizam atribuições de regulamentação do sistema, assim como de fomento das atividades de pesquisa, empreendedorismo e inovação.  No que se refere à operacionalização de atividades de apoio e estímulo à inovação por parte do Estado, o Governo do Estado atua através da Fundação de Apoio à Pesquisa do Estado do Rio Grande do Norte (FAPERN).

Em uma nova gestão da Fundação que assume suas atividades em outubro de 2016, três setores da economia receberão uma atenção especial pela FAPERN e em especial da Diretoria de Inovação: incubadoras e startups; o setor de energia; e a economia aeroespacial.

Em 2016 no Rio Grande do Norte existem: 17 incubadoras, 2 parques tecnológicos, em torno de 120 empresas incubadas gerando uma média de 400 empregos gerados nas empresas incubadas.

No que se refere aos parques tecnológicos, merece destaque o Parque Tecnológico do Rio Grande do Norte – Potipark, iniciativa da Secretaria de Desenvolvimento Econômico e FAPERN. O Potipark é uma das ações desenvolvidas no contexto do Projeto Integrado de Desenvolvimento Sustentável do Rio Grande do Norte – RN Sustentável financiado com recursos do Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento – Banco Mundial.

O Parque Tecnológico será construído em terreno com área de 231 hectares da FAPERN, localizado em Pitangui entre os municípios de Extremoz e Ceará-Mirim, região metropolitana de Natal. Trata-se de terreno às margens da BR 101, facilitando a integração com o Aeroporto Internacional em São Gonçalo do Amarante.

A iniciativa colaborará com o desenvolvimento de uma nova dinâmica na área metropolitana da Grande Natal, com destaque à região conhecida como Zona Norte, trazendo desenvolvimento, um novo status e uma visão positiva de futuro. A ideia é o parque poder receber uma grande variedade de empresas que colaborarão na geração de empregos e fortalecimento da economia.

No setor de energia, além das energias renováveis,  mostra-se importante uma atenção ao setor de petróleo do estado, segmento importante na geração de emprego e renda. A atuação junto à economia do petróleo, com ênfase na cidade de Mossoró, buscará visualizar formas criativas de colaborar para uma mudança estratégica se identificando possibilidades de atuação em novos mercados, assim como o desenvolvimento de novas tecnologias, produtos e serviços.

Os referidos dois setores supracitados já encontram-se parcialmente estabelecidos no estado e em processo de desenvolvimento. Contudo, identifica-se como estratégico se investir em um novo setor: o setor aeroespacial. Natal já foi um polo de lançamento de foguetes através do Centro de Lançamento da Barreira do Inferno. Contudo, com o direcionamento dessas atividades para o centro de lançamento de Alcântara (MA), a cidade perdeu um pouco o encanto existente na década de 80 quando grande parte da sociedade de Natal ia a Cotovelo para acompanhar o lançamento de um novo foguete.

Natal continua registrando a presença de instituições importantes na área aeroespacial como o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais – INPE e a formação de pilotos pela Aeronáutica. Nesse sentido, sob um espírito empreendedor e pioneiro, identifica-se que Natal registra uma vocação única para o desenvolvimento de uma economia aeroespacial.

Nesse sentido, a Diretoria da Inovação da FAPERN está propondo um Programa Aeroespacial Norte Rio-grandense visando criar e estruturar uma economia aeroespacial observando a construção de um relacionamento sistêmico entre os agentes governamentais, universidade e empresas.  Verificam-se os seguintes benefícios advindos da operacionalização do programa: 1. Estímulo à criação de novas empresas; 2. Geração de novas tecnologias e conhecimentos; 3. Estruturação de um Sistema Local de Inovação em Tecnologia Aeroespacial; 4. Geração de  investimentos; 5. Formação de recursos humanos qualificados; 6. Captação de recursos; 7. Geração de empregos e estágios qualificados; 8. Criação de networks empresariais; 9. Oportunidades de internacionalização e 10. Fortalecimento da economia.

Em seu modo de operação a Fundação de Apoio à Pesquisa do Estado do Rio Grande do Norte – FAPERN buscará colaborar para um diálogo mais forte com empresas e academia no sentido de se pensar em uma economia mais inovadora. Nesse sentido, apesar da limitação de recursos, acredita-se que um modo de operação criativo pode colaborar para se transcender barreiras e colaborar para se instituir um status mais inovador da economia norte rio-grandense.

Julio F. D. Rezende, PhD, Professor do Departamento de Engenharia da Produção – UFRN

Diretor de Inovação da Fundação de Apoio à Pesquisa do RN – FAPERN

E-mail: juliofdrezende@hotmail.com 

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