Brasil ainda necessita de programas de manejo de ecossistemas frágeis, onde estão as áreas suscetíveis à seca e ao processo de desertificação
Neste Dia Mundial do Combate à Desertificação (17 de junho), Nossa Ciência publica artigo do site Letras Ambientais, que traça um panorama do problema no mundo com seus antecedentes e as funestas consequências desse fenômeno.
Na década de 1970, a mídia noticiava o deslocamento de milhares de refugiados africanos. Famílias inteiras, oriundas do Sahel, área semiárida ao sul do deserto do Sahara, fugiam da grande seca, pobreza, fome e escassez de recursos naturais vitais, como água, vegetação e solo.
Aquela devastação passou a ser conhecida, pela comunidade científica internacional, como desertificação. Constatou-se, logo em seguida, que tal fenômeno não ocorria exclusivamente na África, mas se estendia a todos os outros continentes (com exceção da Antártica), principalmente em países com regiões de clima árido e semiárido. Era o início do entendimento de que a desertificação deveria ser encarada como um problema em escala mundial e, portanto, necessitava de ações de caráter global.
Diante da preocupação de que a desertificação e a seca afetam todas as regiões do mundo, a comunidade internacional adotou, em 17 de junho de 1994, a Convenção de Combate à Desertificação (UNCCD), em Paris. Por ocasião do 25º aniversário da Convenção e do Dia Mundial de Combate à Desertificação, em 2019, são celebrados os avanços globais em matéria de manejo sustentável dos solos.
O Brasil tornou-se parte da Convenção em 25 de junho de 1997. O principal compromisso era elaborar o Programa de Ação Nacional de Combate à Desertificação, divulgado em 2005, como PAN-Brasil. O documento serviu de base para que os estados afetados pela desertificação adotassem seus próprios programas de ação para conter o avanço da desertificação e mitigação dos efeitos da seca.
Em 1977, durante a Conferência das Nações Unidas sobre Desertificação, realizada em Nairóbi, no Quênia, chamou-se atenção para o grande perigo do crescente risco à desertificação em territórios de vários países, incluindo as áreas semiáridas do Brasil. Essa conferência teve um papel fundamental em todo o processo de luta contra a desertificação no mundo, pois resultou na consolidação do tema, levando muitos países a começarem a dar maior importância a seus problemas ambientais em geral e a adotarem ações para reverter o processo.
Atualmente, o Brasil ainda necessita de programas de manejo de ecossistemas frágeis, nos quais se incluem as áreas suscetíveis à seca e ao processo de desertificação. É necessário retomar e fortalecer ações de desenvolvimento integrado para a erradicação da pobreza e a promoção de sistemas alternativos de subsistência, bem como planos abrangentes de preparação para a seca e de esquemas para a diminuição dos seus impactos.
Estabelecer sistemas de gestão da seca e um programa para monitoramento do desmatamento na Caatinga, bem como ações sociais para conter o avanço da desertificação, estão entre as medidas mais urgentes para evitar a grave ameaça da desertificação.
Para ler na íntegra, acesse Seca e desertificação: lições das políticas no Brasil
(Fonte: Letras Ambientais)