Artigo dos pesquisadores Carlos Alberto da Silva, Rosilene Dias Montenegro e Vaneide Ferreira Lopes, do Núcleo de Estudos em Desenvolvimento Regional , da UFCG aponta para a boa posição da Paraíba em P&D no contexto nordestino
Por meio de informações coletadas no 10º Censo – 2014 do Diretório de Grupos de Pesquisa (DGP) do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) chegamos à conclusão de que a Paraíba no contexto regional se posiciona como a terceira base de P&D no Nordeste brasileiro. O número de grupos de pesquisa paraibanos registrados no DGP-Censo 2014 indica o tamanho da base científica e tecnológica do Estado.
Inicialmente, observamos que a base científica e tecnológica brasileira é bastante concentrada nas regiões Sudeste e Sul. Essas duas regiões, em conjunto, compartilham uma participação de 66% do total dos grupos de pesquisa no Brasil (correspondente a 35.424 grupos de pesquisa).
Todavia o 10º Censo-CNPq referente ao ano de 2014 trouxe alguns elementos novos. Comparando com o Censo-CNPq do ano 2000, percebemos uma redução das desigualdades regionais. O Nordeste aumentou a sua participação no total dos grupos de 14,6% para 20,4% no período entre 2000 e 2014. De um lado, o Sudeste que tinha 57,3% dos grupos em 2000, caiu para 44% do total. De outro lado, a região Sul permaneceu estável na média dos 22,5% entre 2004 e 2014. Porém, a desigualdade persiste.
Um aspecto importante merece ser arrolado, aproximadamente ocorreu um crescimento expressivo de 52% dos grupos de pesquisa na Paraíba em relação ao Censo-CNPq-2010, com registo de 662 grupos de pesquisa, e três vezes o resultado do censo 2004 (329). Nos últimos dez anos, registrou-se um crescimento significativo de 200%.
Conforme a figura 1, a base da pesquisa e desenvolvimento (P&D) do Nordeste apresenta um total de 7.215 grupos de pesquisa, ficando a Bahia e Pernambuco com aproximadamente 42% dos grupos de pesquisa, em seguida vem à Paraíba com 1006 grupos cadastrados no Censo/CNPq-2014 e distribuídos pelas suas principais Instituições de Ciência e Tecnologia (ICTs) representando em torno de 14% do valor total.
Merece destaque quando se observa o número dos grupos de pesquisa por instituição. De acordo com a figura 2, percebe-se que a Universidade Federal da Paraíba (490) supera as outras ICTs: quase o dobro dos grupos de pesquisa da Universidade Federal de Campina Grande (242), com mais do triplo da Universidade Estadual da Paraíba (152), e em mais de quatro vezes o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Paraíba (116).
Os indicadores demonstram um crescimento significativo na capacidade científica e tecnológica das ICTs-PB, Vejamos a sua distribuição por área de conhecimento.
Em relação às Ciências Humanas e Sociais, as ICTs-PB acumularam em torno de aproximadamente 50% dos grupos de pesquisa, muito acima da média nacional, 42%, com competências distribuídas nas grandes áreas de conhecimento: Ciências Humanas (25%), Ciências Sociais Aplicadas (15%) e Linguística, Letras e Artes (9%).
Já no que se refere às Ciências Biológicas e da Saúde, registra-se um percentual de 19% dos grupos de pesquisa, contra 26% do nacional – uma considerável diferença. Assim distribuídos: Ciências Biológicas (6%) e de Saúde (13%).
Quando agregamos as grandes áreas de conhecimento: Engenharias e Computação (13%), Ciências Exatas/Terra (11%) e Ciências Agrárias (8%), observa-se que nestes campos do conhecimento, mais vocacionados para a inovação tecnológica, têm-se uma representação percentual de 32% na pesquisa e desenvolvimento (P&D) paraibano, similar a sua participação no Brasil – uma constatação importante.
Quando comparamos com o censo de 2014, notamos que não houve mudanças expressivas na participação das grandes áreas do conhecimento no total dos grupos de pesquisa em relação ao censo 2010: de fato, houve um crescimento moderado em Ciências Humanas (de 23% para 25% do total entre 2010 e 2014), na mesma intensidade cresceu a área Engenharia (de 11% para 13%), queda suave da Ciência da Saúde (de 2% ) entre 2010 e 2014 e nas demais grandes áreas de conhecimento não ocorreram variações no período de tempo analisado.
Concluímos que com uma base de P&D bastante diversificada e com potencial de aplicação em diversas áreas de conhecimento, o Estado da Paraíba ocupa a 3ª posição no Nordeste em relação ao número de grupos de pesquisa (1006).
Se isso resultar na produção de pesquisa de qualidade e excelência, globalmente conectada e capaz de ampliar o acesso às habilidades, informação e conhecimento gerado nessas ICTs-PB, os professores-pesquisadores das ICTs paraibanas serão considerados atores fundamentais do Sistema de Inovação do Estado da Paraíba, contribuindo para a dinâmica econômica e social regional e local.
Por fim, deduz-se que seria importante motivar os Líderes dos Grupos de Pesquisa a conceberem suas atividades de Pesquisa, Desenvolvimento e Extensão como parte integrante da oferta para o crescimento da Economia de Serviços baseado em Conhecimento, área estratégica tanto para o processo de inovação nas empresas quanto para a dinâmica regional e local. Nesta perspectiva, os Líderes dos Grupos de Pesquisa atuarão como verdadeiros facilitadores no processo de inovação.
Carlos Alberto da Silva (carlosalberto.ufcg@gmail.com), Rosilene Dias Montenegro (rosilenemontenegro@gmail.com) e Vaneide Ferreira Lopes (vanalopes@gmail.com). Núcleo de Estudos em Desenvolvimento Regional (NEDER/UFCG).
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