As contradições entre o que falamos e como agimos pode afetar diretamente o nosso planeta
Uma das frases prontas mais desagradáveis é: “Na prática, a teoria é outra”. Infelizmente as pessoas que propagam este absurdo não entendem de nenhuma das duas coisas. Se a prática não confirma a teoria é porque a teoria não poderia ser chamada de teoria. Simples assim. Ou seja, as duas coisas andam juntas na ciência – sem maiores problemas.
O que não parece ter mais volta é a separação entre discurso e ação. Eles vêm se afastando de um modo quase definitivo. E por incrível que pareça, as pessoas não encontram problema nisto. Trazendo para os velhos termos (teoria e prática), vivemos um tempo em que a prática (a ação) deve ser oposta à teoria (discurso). Não é à toa que o anticientificismo apareça em todo canto.
Explico melhor: mergulhamos em um fundamentalismo (de várias origens) em que as pessoas leem e falam de coisas que não praticam. Como podem (as pessoas) pregarem o amor e praticarem o ódio ao próximo? Como podem falar de compaixão e defender o comércio de órgãos? Como podem defender a verdade e propagar fake news?
Dentro da academia, na Universidade, as pessoas também cruzam os braços diante das maiores aberrações possíveis – como por exemplo o corte de bolsas: “Se isso não me afeta, está tudo bem.”
No discurso, quase todos defendem o amor, a paz, a educação, a igualdade de direitos. Na prática, não é bem assim. E quando a prática contradiz excessivamente o discurso, passa a ser mais fácil mudar o discurso. E o ambiente favorece estas mudanças. Com isso, as pessoas saem dos armários e põem para fora tudo o que estava escondido.
A questão básica é que os tempos modernos nos fizeram excessivamente individualistas. Consideramos que se tivermos dinheiro para pagar nossas contas e nossa comida não precisamos de mais ninguém. É aí que está o problema. Em um planeta com recursos naturais limitados, toda a agressão feita ao planeta (ou ao próximo) retorna para todos. Um incêndio na Austrália ou na Amazônia afeta todo o planeta, assim como uma cultura de exclusão social destrói toda uma nação. E neste horizonte, nações dominadas e dominadoras sofrem do mesmo mal: as mudanças climáticas e as epidemias. Basta lembrar que a água que bebemos é a mesma que circula por aí há milhões de anos. Sim, ela foi bebida pelos dinossauros também.
Isso nos leva a conclusão direta de que somos uma só comunidade que habita um pequeno planeta – desde bactérias aos seres desconhecidos do fundo do mar – somos navegantes de uma mesma nave… Com discursos e ações contraditórios. Com ação individualista, com práticas não sustentáveis. 2020, o planeta terra está desgovernado.
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Leia o texto anterior: Como transformar a física na disciplina que os jovens amam
Helinando Oliveira é Professor da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf) desde 2004 e coordenador do Laboratório de Espectroscopia de Impedância e Materiais Orgânicos (LEIMO).
Helinando Oliveira
Vejo desordem nas tuas ideias.
Poderia decidir se o senhor é professor de Engenharia ou de Letras? Parece que entende mais de discurso e literatura comparada do que matemática e física.
Aberração é um jovem não saber ler ou entender um texto. A esquerda teve muito tempo disponível para resolver esse problema básico e a única coisa que fez foi piorar e fazer com que muitos pensem que tudo se resume a “opressor” e “oprimido”.
O seu discurso e ação me dá sono.