Nada de teoria e muitos kits de robótica podem ajudar a fazer dessa disciplina algo inesquecível
E de repente, lá pelos anos finais do ensino fundamental, a disciplina de ciências passa a contemplar diretamente tópicos de biologia e química além da física.
E quando se trata de física, quase sempre esquecemos que aqueles adolescentes já vivenciam com a física por toda a vida: eles trazem relógios nos pulsos, conhecem a velocidade de processamento dos computadores e celulares, a velocidade da internet… Eles jogam os mais diversos games em seus celulares.
E mesmo assim, lá vem o professor definindo velocidade, tempo, distância, aceleração… A natureza nos reserva tantas maravilhas e a física precisa começar com movimento uniforme! Isso corresponde a um aperto profundo em um botão de reset: esqueça tudo o que você aprendeu pela vida, física é isso aqui!
E assim nasce uma nova caixinha, desconectada de todo o resto (triste e sem emoção) que teima em dizer que v=ds/dt e que o papel milimetrado é a decoração mais bela de uma coisa que pede para ser memorizada – só que física não é decoreba.
Sendo assim, realmente é difícil fazer com que os jovens criem algum tipo de afeto com o que está por vir. Lembro de minha primeira aula de física – foi terrivelmente inesquecível – eu tinha certeza de que era aquilo que eu não queria para minha vida.
No entanto, naquela época não haviam recursos tecnológicos tais quais dispomos na atualidade. Não há justificativa para permanecermos no papel milimetrado e régua.
A física precisa herdar a emoção e a paixão que vem da robótica. No ensino fundamental, a física experimental precisa vir grudada aos kits de robótica – e para começar – nada de teoria.
Os jovens precisam calcular do seu jeito a aceleração da gravidade, sonhar com as estrelas, com a lua, com o sol. Fazer deste primeiro contato algo que seja de fato intenso e verdadeiro – um laço tão forte que possa superar a dor das equações e abstrações – que uma vez entendidas como ferramentas ajudarão nosso país a formar uma nova geração de engenheiros e físicos como profissionais que não terão medo de fazer novos conceitos surgirem de suas próprias ideias.
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Leia o texto anterior: A lei de cotas: sentindo na pele
Helinando Oliveira é Professor da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf) desde 2004 e coordenador do Laboratório de Espectroscopia de Impedância e Materiais Orgânicos (LEIMO).
Helinando Oliveira
Muito bom artigo, mestre Helinando!
Parece até que combinamos: https://nossaciencia.com.br/colunas/a-fisica-por-tras-dos-negocios/.
Parabéns!