Artigo de Isaac Roitman para oNossa Ciência
A Ciência é o melhor caminho para se entender o mundo. O conhecimento científico é o capital mais importante do mundo civilizado. A educação científica em conjunto com a educação social e ambiental da oportunidade para as crianças e jovens explorarem e entender o que existe ao seu redor nas diferentes dimensões: humana, social e cultural. A educação científica desenvolve habilidades, define conceitos e conhecimentos estimulando a criança a observar, questionar, investigar e entender de maneira lógica os seres vivos, o meio em que vivem e os eventos do dia a dia. Além disso, estimula a curiosidade e imaginação e o entendimento do processo de construção do conhecimento. Além disso, é fundamental para que a sociedade possa compreender a importância da ciência no cotidiano. Ela também representa o primeiro degrau da formação de recursos humanos para as atividades de pesquisa científica e tecnológica.
No Brasil a educação científica, na forma de ensino de ciências deixa muito a desejar. A baixa qualidade é devida a múltiplos fatores tais como: formação deficiente dos professores que são mal remunerados, ausência de meios e estímulos na sua atualização, material pedagógico desatualizado, ausência de laboratórios equipados.
Felizmente existem iniciativas vitoriosas que merecem ser divulgadas no sentido de termos um salto de qualidade na educação científica. Uma delas é o Projeto Ciência, Arte e Magia desenvolvido na Universidade Federal da Bahia (UFBA) que tem sido conduzido pela Professora Rejane Maria Lira da Silva do Departamento de Zoologia.
Esse projeto teve como semente em 2001 na parceria da UFBA e a Ananda – Escola e Centro de Estudos de Salvador. O objetivo principal do projeto é de identificar, estimular e desenvolver as potencialidades e habilidades dos jovens. Inicialmente o projeto contou com a participação de 27 crianças de 06 a 14 anos. Surgiu então a “Coleção Novos Construtores” livros escritos pelos jovens a partir de estudos onde pesquisavam sobre os temas escolhidos, desde o significado etimológico como o avanço científico, através de uma ferramenta denominada linha do tempo. Esta consistia em um histórico sobre o tema escolhido, a história dos antigos teóricos que trabalharam com o assunto, ou até mesmo a história de um objeto de pesquisa do estudante. Esse projeto procura racionalizar o uso de material experimental, desenvolvendo no estudante a sua criatividade para a realização de experimentos científicos, redimensionando as concepções sobre o processo ensino-aprendizagem. Além disso, visa capacitar professores para utilizar este material experimental em suas disciplinas específicas. O projeto além de atender escolas de Salvador foi também estendido para escolas em Feira de Santana e Seabra na Chapada Diamantina. Como produtos do projeto, desde 2006 são realizados os Encontros de Jovens Cientistas da Bahia e em 2014 foi lançada a Revista Jovens Cientistas. Os participantes do Projeto anualmente participam ativamente das Reuniões Anuais da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência. Esse projeto virtuoso recheado de muito axé é um bom exemplo de iniciativas virtuosas visando a melhoria da qualidade da educação no Brasil.
Isaac Roitman é professor emérito da Universidade de Brasília (UnB), pesquisador emérito do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e membro da Academia Brasileira de Ciências (ABC).
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