Esse francês do século XVIII criou um catálogo de objetos celestes que é consultado até hoje tanto por astrônomos profissionais quanto por jovens amadores
Charles Messier nasceu na França em 26 de junho de 1730. Décimo entre doze irmãos, não tinha grandes possibilidades de seguir carreira acadêmica e a morte de seu pai, quando ainda era criança, piorou ainda mais as condições econômicas de sua família.
Possuidor de uma bela grafia e grande habilidade para o desenho teve, afinal, sua oportunidade aos 21 anos, quando foi contratado pelo astrônomo da marinha francesa Joseph Nicolas I’Isle para trabalhar como copista.
Introduzido aos poucos na prática da Astronomia, Messier se tornaria um hábil observador e redigia reportes cuidadosos de suas observações, medindo com precisão a posição dos corpos celestes.
O catálogo de Messier
Na sua época, a moda era “caçar cometas” e a história do catálogo que o tornaria famoso começou justamente quando seu chefe calculou a posição esperada do retorno do cometa de Halley, em 1757. I’Isle errara nas contas e isso fez com que o jovem Messier passasse noites inteiras procurando o famoso cometa na direção errada do céu.
Messier anotou com cuidado a posição de uma nebulosa que até lembrava um cometa difuso, na constelação de Touro. Era o dia 28 de agosto de 1758 e aquele seria o objeto número um de seu catálogo.
Por fim Messier localizou o verdadeiro cometa, mas já estava entusiasmado com a ideia de catalogar outros objetos nebulosos, para que ele e outros observadores não se confundissem de novo em futuras observações.
Messier descobriu 21 cometas ao longo de toda sua vida, 13 dos quais nunca haviam sido observados antes. Mas nem só de cometas era a fama de Messier. Ele foi um ardente observador de ocultações, trânsitos e eclipses. Seus cadernos eram repletos de anotações sobre manchas solares e observações meteorológicas também.
Contudo, o que tornou Messier de fato conhecido para a Astronomia até os dias atuais foi seu catálogo de objetos difusos, publicado em sua versão final no ano de 1784 e contendo 103 objetos.
Joias celestes
Nos anos seguintes outros objetos foram descobertos por Messier, mas acabaram não sendo incluídos em seu catálogo. Razão pela qual, um século mais tarde, alguns astrônomos decidiram eles próprios inserir tais objetos na lista de Messier, chegando assim aos 110 objetos conhecidos atualmente.
Os objetos do catálogo de Messier são precedidos pela letra M, sempre maiúscula, e alguns deles têm denominações próprias. É o caso de M1, o primeiro objeto de sua lista, a “nebulosa do Caranguejo”. Mas Messier não descobriu essa nebulosa. Outros já haviam percebido aquela mancha esbranquiçada sobre o corno meridional do Touro, sem estrelas e com uma luz alongada como a chama de uma vela.
A nebulosa do Caranguejo é, na verdade, os restos de uma supernova, uma estrela de grande massa que ao fim de seu ciclo de brilho explode, num estouro colossal capaz de sobrepujar em brilho a soma de todas as estrelas da galáxia. No centro da nebulosa ainda jaz a velha estrela que se desfez, agora uma esfera de altíssima densidade, girando em torno de si mesma 30 vezes por segundo: um pulsar.
Com seus 110 objetos, entre nebulosas, galáxias e aglomerados estelares, o catálogo de Messier é uma fonte inesgotável de novas descobertas, tanto para astrônomos profissionais quanto para jovens amadores, que ainda gastam suas noites no puro prazer de redescobrir as joias celestes classificadas por Messier no século XVIII.
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José Roberto Costa
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