Texto apresenta editais voltados ao fortalecimento e ao aperfeiçoamento dos acadêmicos do estado, lançados pela Fapeal
Através de novas políticas acadêmicas, Alagoas constrói uma cultura de ciência, tecnologia e inovação. Sistematizar esforços para a consolidação da pesquisa é um trabalho que vem sendo executado de forma consistente pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Alagoas (Fapeal).
Desde 2015, a Fapeal tem compilado incentivos para nivelamento das disparidades acadêmicas e fortalecimento de programas consolidados nos centros universitários do estado. Apenas em 2016, até o mês de agosto, foram lançadas 14 chamadas de aporte financeiro para a elevação da qualidade científica da produção local.
Um exemplo disso são o edital de Auxílio à Participação em Reunião Científica no Brasil e no exterior e o edital de Apoio à Excelência Acadêmica. Ambos disponibilizam recursos financeiros em fluxo contínuo, com resultados mensais até dezembro, ou até que os se esgote o total orçado para ambos.
Para pesquisadores de mestrado e doutorado que tenham seus trabalhos aprovados em eventos científicos de nível nacional ou internacional foram disponibilizados R$200 mil, cobrindo despesas referentes ao seu deslocamento e estadia, com teto de R$6 mil para viagens ao exterior e R$4 mil, no Brasil. Em três chamadas até agora, sete pesquisadores partirão com destino aos EUA, Holanda, Espanha, Uruguai e Argentina.
Já alunos de mestrados e doutorados que tiverem seus artigos aceitos para publicação em periódicos científicos ranqueados em um dos três níveis de qualidade mais altos definidos pelo Ministério da educação através do índice Qualis, estabelecido pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), foram disponibilizados R$100 mil, a serem aplicados como adicional de excelência acadêmica. Neste caso, o pesquisador recebe o valor de uma bolsa de sua modalidade acadêmica, uma vez. Na primeira chamada, foram selecionados dois alunos de doutorado.
Os últimos resultados, publicados em agosto, demonstram a efetividade dos programas e sua importância para assegurar subsídios aos estudiosos.
Simoni Menegehtti, doutora em Química ligada à Universidade Federal de Alagoas (Ufal), ilustra este quadro. A docente irá participar do XXV Congreso Iberoamericano de Catálisis, em Montevidéu, no Uruguai e cita que o financiamento da Fapeal fez total diferença, oportunizando este aperfeiçoamento:
“Com os recursos federais escassos, este apoio permite que continuemos divulgando nossos trabalhos de pesquisa fora do estado, inclusive no exterior. A participação no evento permite estabelecer interações com pesquisadores de várias partes do mundo, inserindo nossas pesquisas no cenário internacional”, frisa a professora.
Na Física alagoana, de elaborações qualitativas já reconhecidas, o pesquisador Cleberson Alves foi o primeiro ser contemplado. O acadêmico está atualmente cursando seu doutorado na Ufal, e estuda a óptica, um ramo que lida com as propriedades da luz.
Este campo tem ganhado expressiva atenção da comunidade científica nas últimas décadas, já que aplicações envolvendo o uso da luz têm evoluído com em diversas áreas.
O estudioso cita que o apoio e financiamento que obteve foram fundamentais para garantir a continuação de suas atividades. Ele conta que dispôs do auxílio durante toda a sua trajetória na pós-graduação, através do fomento de agências como a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), e o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Inserindo-se neste meio científico, ele pôde participar do grupo de pesquisa de Óptica e Nanoscopia (GON), liderado por seu orientador, Eduardo Fonseca.
O físico menciona como fatores desta conquista poder contar uma estrutura de laboratórios que oferecem condições de realização de pesquisas em alto nível, compatíveis com os melhores laboratórios do Brasil e do mundo.
Estes ambientes foram obtidos graças aos investimentos de agências estaduais de fomento, como a Fapeal, em conjunto com órgãos de financiamento federais, que estão atentos a atuação singular da Física alagoana.
Cleberson também destaca a qualidade do corpo docente do programa de pós-graduação do Instituto de Física, que insere competência de conhecimento de igual para igual em interações colaborativas com diversas instituições do Brasil e do mundo.
“Os estímulos concedidos pelas agências de fomento à pesquisa são vitais para a manutenção dos programas de pós-graduação espalhados pelo país. A ausência deles torna impossível a manutenção dos programas. É desta forma que os estudantes e professores podem realizar suas pesquisas, manterem-se com dedicação exclusiva, além de viajar para conferências nacionais e internacionais divulgando seus achados”, alega o pesquisador.
No mestrado, o pesquisador abordou em suas análises, uma nova propriedade da luz parcialmente coerente, chamada de autorreconfiguração de um padrão de “speckle”. Este conceito foi publicado no periódico internacional Optics Letters, no ano de 2014, com título “Self-reconfiguration of a speckle pattern”. A partir desta publicação, já dentro do programa de doutorado, surgiram novos trabalhos na mesma linha. Em 2015, o estudioso publicou um novo artigo no mesmo periódico. O trabalho intitulado “Characterizing coherence vortices through geometry”. Posteriormente em 2016, voltando a temática do padrão de “speckle”, foi aprofundado o estudo e este lhe rendeu uma publicação na conceituada revista “Physical Review A”, com o título “Using speckles to recover an image after its transmission through obstacles”.
Sabendo que sua produção científica sempre esteve à altura dos critérios exigidos, ele se inscreveu na chamada pública para Excelência Acadêmica da Fapeal. Em consequência ao desempenho pontual de artigo publicado em plataforma conceituada, Cleberson Alves foi o primeiro pesquisador a ser selecionado pelo edital lançado em junho.
Ainda na interface das Ciências Exatas, encontra-se Ana Caroline Ferreira, pesquisadora que atua na química analítica. Ela foi a segunda colocada no mesmo resultado. Os seus estudos tem sido construídos ao longo de sete anos de produção científica, abrangendo especificamente a eletroquímica, eletroanalítica e os sensores.
Ainda na graduação, a acadêmica começou suas análises em programas de iniciações científicas e hoje, no doutorado, ela reconhece que o fomento à área foi estratégico para a sua evolução no ramo:
“Estes estímulos contribuíram para os meus conhecimentos técnicos e a minha formação acadêmica. Fui bolsista do CNPq por dois anos em estudos de Iniciação Científica, e contei com o auxílio da Capes no mestrado e, atualmente no doutorado. Além dos demais apoios para congressos e simpósios”, cita a pesquisadora.
Ela afirma que estes incentivos são relevantes por proporcionar aos estudantes maior autonomia nas fases de elaboração de trabalhos. O financiamento garante a tranquilidade de promover a ciência com a mesma capacidade e fundamentos, sendo munidos por uma melhor infraestrutura, e com a possibilidade de articular inovações tecnológicas e desenvolvimento científico e social para o país.
Seu artigo publicado pontua análises que comprovam a aplicabilidade da co-administração terapêutica de vários tióis. Na Química, estes componentes, ao contrário do que se imaginaria, podem apresentar efeitos prejudiciais, em vez de produzir resultados sinérgicos.
A determinação das mudanças nos níveis de tiol fornece uma visão crítica das funções fisiológicas adequadas ou, no diagnóstico de doenças. Deste modo, torna-se importante medir a concentração de tióis em dietas, suplementos, medicamentos e matrizes biológicas.
“Este trabalho pode encontrar alguma alternativa em termos de terapia antioxidante em doenças baseadas no estresse oxidativo, desde que estes suplementos tiol sejam administrados em conjunto, a partir dos efeitos sinérgicos”, explica a pesquisadora.
Como perspectivas futuras, a estudiosa planeja continuar investigando a interação e concentração de diferentes tióis, com a finalidade de determinar um teor total presente em diferentes matrizes biológicas, facilitando assim, o trabalho de análise.
Neste ensejo de um panorama assertivo, a Fapeal segue operando programas e editais que otimizem as pós-graduações locais. Através de ferramentas estratégicas, mecanismos eficientes e um Governo atento às demandas prioritárias, é possível sim, construir uma nova Alagoas.
Mesmo atravessando etapas restritivas de investimentos, a Fundação reforça seus recursos, uma vez que, as soluções para políticas públicas trilham-se em conjunto com a ciência.
Tárcila Cabral – Jornalista da Assessoria de Comunicação da FAPEAL
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