Homo cientificus quer pensar o Rio Grande do Norte Especial

segunda-feira, 15 julho 2019
Renam Medeiros é um dos coordenadores do projeto. (Foto: Nossa Ciência)

Renan Medeiros propõe que a academia assuma atitude política de planificar e melhorar o estado

Com 29 anos de doutoramento, o professor José Renan Medeiros tem trajetória e carreira científica das mais exitosas. Presente no Nossa Ciência em Debate, o professor do Departamento de Física Teórica e Experimental da Universidade Federal do Rio Grande fez ácidos comentários sobre a relação da ciência com a política. “Ciência é uma atividade política, mas não pode ser tratada como uma atividade politiqueira”, opinou.

Em sua fala, Medeiros apresentou dados, estabelecendo relação entre o número de doutores e de presidiários no Brasil. Ele informou que são 180 mil doutores e 800 mil presidiários, classificando de horrorosos esses números. “Eu acompanho esse número nos últimos 10 anos, desde quando eu fui à Capes a primeira vez como avaliador.”

O outro dado apresentado pelo pesquisador foi o número de pesquisadores de produtividade no CNPq que atuam no Rio Grande do Norte. São 208, dos quais apenas oito estão no topo dessa classificação (veja tabela). Para o professor, esses números mostram que há alguma coisa errada e que a eles há uma vertente associada pouco percebida pela sociedade e também pela comunidade acadêmica. É a falta de compreensão por parte dos governos do uso social da ciência para a resolução dos problemas do Estado.

Aposentando governos

Dados apresentados pelo professor Renan Medeiros, durante o Nossa Ciência em Debate

“Nunca conheci um governador que tivesse uma equipe que visualizasse o que é ciência, que visualizasse que ciência e desenvolvimento humano andam pari-passu.” Ao afirmar que nos últimos 30 anos a política não tem sabido fazer bom uso da ciência, Renan não poupou o governo Fátima Bezerra. Em sua opinião, ninguém planifica o Rio Grande do Norte. E os problemas da sociedade brasileira estão associados ao tratamento que se dá à ciência, seja a nível nacional, seja a nível local. “É por isso que nós estamos onde estamos.”

Definindo-se como homo cientificus, o pesquisador garantiu que foi observando as políticas governamentais e “aposentando secretários e governadores”, que caíram no esquecimento, enquanto a ciência continua fazendo seu trabalho.

O pesquisador criticou com veemência o fato gestores públicos e também da academia no Rio Grande do Norte fazerem referência apenas às áreas cientificas que estudam e potencializam a produção de minério e queijo. “Não tem nada mais do que isso?”, questionou.

Na condição de membro titular da Academia Brasileira de Ciências, único do Rio Grande do Norte, Renan Medeiros convidou o Nossa Ciência a organizar um evento para pensar o Rio Grande do Norte, a partir do lugar de fala da ciência. “Pensando o Futuro, imaginando o futuro, vamos ousar planificar nós o Rio Grande do Norte, o planejamento do eu não funciona, nunca funcionou e jamais funcionará,” defendeu, garantindo que outras instituições como a SBPC tem grande interesse nessa ideia.

Leia também: Para ex-reitora da UFRN, momento de crise exige projetos fortes, grandes e importantes.

Mônica Costa

Uma resposta para “Homo cientificus quer pensar o Rio Grande do Norte”

  1. Gláucio Bezerra Brandão disse:

    Saudações prezado professor, e colega de tabela, José Renan!
    Coaduno em 101% com sua exposição.

    Há 13 anos na UFRN tentando implantar o empreendedorismo científico, como pode ser visto em minha coluna “Empreendedorismo Inovador”, cuja voz finalmente foi levada aos quatro cantos graças às corajosas Jornalistas da Nossa Ciência – o meu muito obrigado -, venho colecionado apenas desafetos e sabotagens.

    Enquanto tivermos uma academia politicamente ideológica, seja pra que lado for, vamos servir apenas aos interesses escusos de grupos indefiníveis.

    Obrigado por dar voz aos meus sentimentos.

    Sigamos.

    Grande abraço.

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