Projetos científicos relâmpagos Meio Ambiente

quinta-feira, 27 junho 2019
Atividade é forma de reunir teoria e prática. Foto: Divulgação

Pós em Ecologia da UFRN realiza curso de campo e desenvolve pesquisas em ecossistemas do RN de até 30 minutos – da hipótese à apresentação

Bem ao estilo dos reality shows de culinária durante o curso de campo os alunos fazem alguns projetos relâmpagos, de 30 minutos, para executar uma hipótese e apresentar, quebrando o tabu da ciência longa. O processo científico inteiro pode terminar em um dia. Os professores servem como consultores, apenas para dar dicas, mas o projeto inteiro é feito por eles. A partir das ideias dos projetos orientados surgem os questionamentos para as ideias dos projetos livres. Essa é rotina do curso de campo dado pelo Programa de Pós Graduação em Ecologia (PPGECO) da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN).

“O objetivo do curso é que os alunos desenvolvam um projeto, fazendo a elaboração da hipótese, conversão e execução, apresentação de resultados e elaboração do artigo científico”, comenta o professor Guilherme Ortigara Longo. Neste processo são produzidas mini teses. “Uma coisa interessante é que os projetos que são apresentados no primeiro dia, dificilmente vão dar certo no final, então eles têm de ser acostumados com a adaptação, é muito bom esse crescimento”, finaliza.

Esse ano foi incorporado uma diferencial, que é a parte da divulgação científica. Para cada projeto criado, o último slide é um resumo de todo o projeto como forma de apresentação para a população, para a divulgação da ciência produzida no projeto. Guilherme se orgulha do esforço dos alunos. “Tiveram ideias muito interessantes de divulgação, em rádios, em jogos, em cordel”, enumera. O trabalho científico é muito importante e deve ser levado para a sociedade.

De acordo com a professora Juliana Deo Dias, “o curso de campo é uma disciplina que existe em várias partes do país, na qual os alunos ficam em um ecossistema, fazem projetos, aplicam as teorias e colocam em prática tudo que estudaram”. Ainda segundo a professora, na UFRN havia o curso de campo focado na parte terrestre, mas não no campo aquático, então foi decidido imergir nos dois com foco também na caatinga. Um dos diferenciais deste curso de campo em relação aos demais é a oportunidade de estudar e ter contato com diferentes ecossistemas, como marinho, dulcícolas, recifes de corais, manguezais e o bioma da caatinga.

“É muito claro ver as mudanças dos alunos. No começo eles reclamam muito, depois vão se adaptando, vão entrando na rotina, e no final melhora muito o projeto deles, as hipóteses são muito mais elaboradas”, pontua Juliana Deo Dias.

Participam professores e discentes do PPGECO, além de estudantes de outras instituições

Participações

Felipe Eduardo Alves Coelho, estudante do mestrado em Ecologia, não conhecia o modelo do projeto, mas teve uma grande satisfação, nas palavras dele, em poder colocar as teorias vistas em aulas em prática, como na análise de dados realizada nas aulas de campo. “A experiência da aula nos parrachos foi incrível por não ter todo o conhecimento da extensão da área e por ter sido a primeira vez que fiz algo desse tipo”, disse Felipe. Os dados eram coletados por um cano de PVC encaixado no braço do mergulhador e as anotações feitas em lápis. Apesar das dificuldades como a resistência da água, os mergulhos até certa profundidade e a maré, para o aluno o momento foi de imersão na ciência.

O pesquisador uruguaio Franco Teixeira de Mello foi convidado para participar desta edição do projeto. Para ele, que trabalha com geografia aquática, o curso é muito interessante, pois em poucos dias já foram produzidas hipóteses, coletas de dados e apresentação de trabalhos e está sendo muito efetivo. “A impressão que tenho é que os estudantes estão muito preparados tanto na criação de hipóteses como na análises dos dados, todos tem uma base importante, o que facilita detalhes potenciais”, explica.

Durante o módulo aquático, acontecem projetos orientados nos parrachos de Maracajaú

Curso de campo do PPGECO

O curso faz parte da estrutura pedagógica do PPGECO e está organizado em dois módulos: aquático e terrestre. Este ano, o módulo aquático do curso de campo foi realizado na Fazenda Samisa (UFRN), vinculada ao Departamento de Oceanografia e Limnologia, e o terrestre, na Floresta Nacional de Açu (FLONA-Açu), unidade de conservação gerida pelo Instituto Chico Mendes. Durante o módulo aquático, professores e estudantes também vão realizar projetos orientados nos parrachos de Maracajaú, localizados na Área de Proteção Ambiental Recifes de Corais (Aparc). O curso dura 15 dias, uma semana em cada reserva.

Participam do curso de campo professores e discentes do PPGECO, além de discentes de pós-graduação de outras Instituições. A atividade é uma forma de promover a formação acadêmica e profissional dos futuros mestres e doutores em Ecologia, oferecendo oportunidades únicas de reunir teoria e prática nos mais diversos ecossistemas e unidades de conservação do Rio Grande do Norte.

O curso contou com 12 estudantes, quatro monitores, dois mestrandos e dois doutorandos e os professores que coordenaram o módulo aquático – Juliana Deo Dias e Guilherme Ortigara Longo – e o módulo terrestre – Mauro Pichorim, Eduardo Venticinque e Vanessa Staggemeier.

Fonte: AGECOM/UFRN

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