Pesquisadores da Emparn apontam o cultivo do cacto, que é rico em água e nutrientes, para ajudar na alimentação de rebanhos
A palma forrageira é o foco de um estudo da Empresa de Pesquisa Agropecuária do Rio Grande do Norte (Emparn), que aponta o cultivo do cacto como uma das saídas para enfrentar a seca do Rio Grande do Norte. A pesquisa intitulada “Palma forrageira irrigada e adensada: uma reserva forrageira estratégica para o semiárido potiguar” têm mostrado resultados muito positivos. “Antes os agricultores não acreditavam no poder dessa planta. Agora eles vêem que o cultivo da palma é uma oportunidade para manter o gado vivo e saudável”, afirma o coordenador de Pesquisa e Produção Animal da Emparn, Guilherme Ferreira Lima.
Abundante na região do semiárido potiguar, a palma é rica em água e nutrientes capazes de alimentar animais de grande porte. Até algumas décadas atrás, grande parte dos produtores rurais destacavam suas características negativas, como a demora na colheita, por exemplo. Mas nos últimos anos, essa perspectiva vem mudando e, hoje, a espécie se mostra como grande aliada na resolução de problemas trazidos pela estiagem – que já dura 5 anos no RN – especialmente para a alimentação de seus rebanhos.
Um convênio firmado entre a Emparn e Ministério do Desenvolvimento Agrário, atual Secretaria Especial de Agricultura Familiar e do Desenvolvimento Agrário (Sead), possibilita que os resultados da pesquisa sejam repassados a centenas de agricultores familiares do estado. Em vigência desde 2014, o projeto prevê o repasse de mais de R$ 1,5 milhão para validar a tecnologia da cultura da palma forrageira irrigada e adensada como novo paradigma para garantir a segurança alimentar de rebanhos no semiárido potiguar. Os resultados obtidos até aqui mostram um alto potencial produtivo da planta, que mostra grande capacidade de reter água.
Para se ter uma ideia, combinando-se a produção de um hectare de palma forrageira irrigada (25 t MS/ano), com um hectare do sorgo (21 t MS/ano), complementados por 8 toneladas de feno, os agricultores familiares podem manter 20 vacas ou 200 cabras ou ovelhas por um período de 180 dias de seca.
De acordo com Hur Ben Correa da Silva, coordenador da área de Inovação e Sustentabilidade da Sead, o convênio, em vigência até 2017, tem metas bem definidas, como por exemplo implantar e acompanhar bancos de raquetes, assim como de unidades multiplicadoras, além de promover eventos de transferência de tecnologia para agricultores familiares, técnicos e extensionistas. “A Sead desenvolve uma série de ações junto a organizações de pesquisa estaduais para desenvolvimento de tecnologias apropriadas para a agricultura familiar. O convênio com a Emparn é estratégico nesse sentido”, explica.
Ouro verde
O produtor rural José Ivan Sobrinho conta que o cultivo de palma forrageira em Riachuelo (RN) é fundamental, pois além de ser rica em nutrientes, alimenta animais, garante renda para o agricultor e ajuda a enfrentar a seca nordestina.
“Costumo dizer, de maneira simples, que a palma forrageira economicamente é o ‘ouro verde’ para os nordestinos. Nutre, alimenta, é fonte de energia para os animais e também agrega valor, pois quem produz palma, tem uma renda permanente, porque senão alimenta o rebanho, vende a palma”, conclui.
Na propriedade, localizada a 71 km de Natal, o produtor rural cultiva mandioca, capim e mandacaru, e mantém criação de bovinos, suínos e cabras. Todos os animais são alimentados com palma forrageira.
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