Lições tiradas do café empreendedor nº 73 Empreendedorismo Inovador

quarta-feira, 17 abril 2019
A IncaaS sendo exposta oficialmente ao mundo pela primeira vez, no Café 73: comprometidos até o pescoço com a construção de um novo RN!

O professor Gláucio Brandão fala do que aprendeu num encontro com muitas pessoas do bem carregadas de histórias fascinantes

No dia 02 de abril de 2019 a.d., terça-feira de chuvinha fina, conheci o empreendedor Alexandre “Café com Negócio” Dantas, uma figura pra lá de interessante. O cabra respira conexão; e sabe fazê-la! E o mais interessante: com método e mantendo a diversão. Chegou lá na inPACTA e, depois de um bate-papo animado, me fez um convite dividido em duas partes: ir aos Café com Negócio nº 70 e nº 73. Para quem tem ascendência empreendedora com conjuração em inovação de ruptura, a soma de 7 e 3 é 10. Um sinal e meu signo favorito: a dezena; a perfeição; o todo; 100%! Além disso, o cabra tem uma conversa que “derruba lagartixa da parede”. Me convenceu. Fui lá ver o que era isso. Confesso que o que mais me motivou foi a proposta de café free. Ainda me intimou a palestrar sobre o que estamos aprontando: a IncaaS, Um laboratório gerador de startups, plataforma de incubação negocial em nuvem. Era segredo mas, como disse, a conversa do cabra “derruba avião”! Vocês podem contribuir com essa inovação ao final do texto.

O que há de interessante em tudo isto? Por incrível que pareça, me fez quebrar uma rotina extenuante de agenda fixa que não comportaria, de forma alguma, duas paradas para nada além daquilo que determinamos no começo da semana, o domingo, quando recorto uma hora das 24 para travar a agenda para os dias à frente, com a intenção de não dar chance a ninguém (exceção a esposa, que consegue quebrar qualquer agenda com seu “jeitinho” pernambucano de ser). Quem me conhece sabe que mando por “zap” os prints dos encontros acertados.

Zap mandado, meeting registrado!

E o resultado desta quebra de agenda: encontro com muitas pessoas do bem carregadas de histórias fascinantes, como diz Alexandre, que conduziram-me a novas interações, produziu relaxamento, levando ao destravamento da mente, a novos pensamentos e a mais criatividade. Além de tudo isso, o que aprecio muito, expus minhas ideias para serem bombardeadas. Isso me fez aprender um bocado e “viajar” muito, de modo que não pude deixar de compartilhar com vocês os insights empreendedores disparados a cada gole tomado do Café 73 e dos feedbacks colhidos sobre a IncaaS. Vi que a ignição do que faltava em Como criar criatividade resumia-se a uma ação simples: quebra da rotina! Vamos então aos insights.

  1. É preciso quebrar a rotina ou o cérebro “trava”.

Entre um café e outro, uma rodada e outra, percebi o quanto estava ensimesmado em meu mundo, desenvolvendo coisas por onde meus interlocutores já haviam se aventurado. Comecei a absorver – além de novos conceitos – novas experiências, as quais podem ser categorizadas entre as que deram certo mais rápido e as que deram certo menos rápido. Sempre dão certo, o tempo é que pode atrapalhar um pouco, desde que todos os elementos de uma experiência sejam coletados e registrados e não repetidos da mesma forma. Percebi que errei um bocado, e que deveria descartar as experiências “de retorno mais lento”, vamos dizer assim, já que outros já haviam rejeitado tais caminhos. Ou seja: ganhei um tempão danado ao conversar com as pessoas e abrir a mente para receber seus ensinamentos. E olhe que sou professor e me enquadrando nos 10% mais velhos do grupo. O “destravamento” oxigenou minhas perspectivas em uns dois anos. Acho que o destravamento poderia ser resumido na fala de Carl Sagan: “Devemos manter a mente aberta, mas não tão aberta a ponto do cérebro cair”. O meu levou um tombo.

  1. Natal é o melhor lugar para vencer de forma empreendedora: é uma gigantesca barreira natural!

Parece “lugar comum” a frase acima. Ouvi de todo mundo no Café 73. Mas é verdade. Olhados infraestrutura, tecnologia, desembaraço governamental, educação e o conceituado Índice Mackenzie de Liberdade Econômica Estadual 2017 (IMLEE), que ajuda a avaliar as condições de se empreender e ter sucesso no mercado e o grau a interferência estatal, juntado ao Índice de Cidades Empreendedoras compilado pela Endeavor em 2017 (o mais recente), temos que Natal fica na posição 23, nas 31 cidades consideradas. Trocando em migalhas, quase no último quarto.

Com um “PIBículo” representado algo em torno de 0.9% do PIB nacional, o RN sofre e faz sofrer. Parece ruim, e é! Mas temos um alento: tudo a ser feito! Quem conseguir “quase” vencer aqui tem grande chance de escalar em “Sampa”! Depois volte, pois precisamos de você! Precisamos aumentar esse percentual.

Índice de Cidades Empreendedoras Endeavor (p. 17): Temos muito a percorrer!

  1. Teoria dos Inversos

Pegando o gancho no item anterior, reforcei o que sempre trago na cabeça e venho aprimorando à medida que “troco figurinhas”, a Teoria dos Inversos: “você é inversamente proporcional ao local onde se encontra. Se o lugar é grande, você tende a ser pequeno. Se o lugar é pequeno, você tende a ser grande”. Quero ser grande. Ponto final!

Onde mais eu poderia “aparecer” senão em um lugar pequeno e acolhedor. Onde eu poderia expor ideias e receber feedbacks autênticos senão em um lugar onde você pode reunir a moçada toda em três trocas de zap? Onde qualquer pessoa poderia facilmente entrar em um site e reservar o Sebraelab para trocar experiência sem ter que esperar a “vida de um burro” para poder ser atendido? Em Sampa a coisa seria muito, muito mais difícil! Aqui temos nome. Lá somos estatística. Assim, se tiver que criar um MVP, Natal é o lugar. Quando quiser engrossar o caldo, Sampa! Vá mais volte!

  1. Os Recursos-chave já estão no jogo… E há tempos!

À medida que fui apresentando a IncaaS, percebi que fazia o mesmo que Alexandre: conectava recursos-chave existentes no Mercado! Ora: temos boas universidades aqui. Um Sebrae que impõe um respeito quase que inibidor. A FIERN que de tão ao alcance tem nome de casa (Casa da Indústria)! Várias incubadoras. Empresários que estão percebendo o poder oxigenador das startups. Pessoas que procuram desenvolver ações de impacto social sem preconceito junto a empresários. Ações sociais têm de ser tocadas como negócio, claro. Vou parar por aqui. Ou seja: não precisamos reinventar nada. Só colar! Vai fazer isso em Sampa!!!

  1. Sou professor universitário. É isso o que os doutores deveriam fazer!

No Café 73, “diferentão”, nas palavras de Alexandre, porque abarcou duas palestras, dividi o palco com Kedson Silva da NovaM3. O cabra tem história. De torar!!! Fiquei inibido de fazer minha apresentação depois que o homem falou, mas tinha que pagar o café!

Ao bater aquela palestra descontraída, com a cafeína a toda no miolo, soltei o verbo sem amarras. Peço aqui licença para dizer à minha amiga Susie (FIERN) que me controlei. Só falei em aprimorar e transformar!

Pois bem: ao descer do tablado – só força de expressão – recebi um grande elogio de um já novo ‘antigo’ amigo, o empreendedor Cosme de Melo. “Você não é professor; tenho certeza!”. Dei uma refletida antes de pensar e devolvi: “Agora estou sendo. É isto o que os professores doutores deveriam fazer, criar coisas, se exporem, desafiar, e não só replicar”. Erre rápido e tenha sucesso mais cedo. Fail fast!

Segundo a academia, somos “vozes autorizadas”; ou deveríamos ser! Para que serve estudar tanto, ser aprovado em concursos públicos e depois, quando a sociedade pede o retorno, repetir aquilo que aprendemos na iniciação científica, mestrado, doutorado, pós-doc etc? Lattes recheado e vida vazia! Não há inovação nisso. Temos de criar, propor, executar, passar vergonha etc. Somos quase 3.000 só na UFRN. Que impacto estamos causando? Eu, pelo menos, depois do estágio probatório, me aventuro todo dia. Isto deveria ser a vantagem competitiva quando comparada ao que acontece na iniciativa privada. Essa moçada tem de errar acertando. Nós, pelo contrário, deveríamos ter o maior portfólio de erros do mundo.

– Fulano, isso funciona?

– Não, pois já testei!

– Massa. Vou tentar outra coisa então! Se der certo te digo.

– Blz: vou ganhar um tempo arretado!

Entretanto, somos assim:

– Sicrano, isso funciona?

– Não sei. Nunca testei porque meu orientador disse que é perda de tempo e gasto de material.

– E ele testou?

– Não, pois o orientador dele disse a mesma coisa, em 1956.

Assim, vou tentar uns erros novos por aqui. Se reclamarem digo: “sou doutor, tenho que errar”!

  1. Inovação é densidade, não volume: Inovação é Conexão!

Volume, volume, volume! Não dá qualidade de interação. Pois, quanto maior o volume, menor a probabilidade de choque entre as partículas (lei dos gases).

Assim, se quisermos inovar de fato, criar a tríplice hélice tão decantada pelo Prof. Etzkowitz, teremos que nos mexer rápido e nos chocar. Grande distâncias, dimensões opulentas, não são sinônimo de inovação, pois a probabilidade do choque de ideias tende a zero. Alexandre sacou isso. O Café 73 foi um grande experimento!

Vejam só: o Café 73 revelou que inovação se faz com movimento coordenado. Nossos anfitriões conseguiram criar uma gigantesca quantidade de interações em um espaço e tempo exíguos, o que eu chamo de densidade negocial: 6 mesas, 36 pessoas “rodando”, o que fez com que cada um de nós interagisse com 35 pessoas. Ou seja: 210 interações em menos de duas horas, ou 1,75 interações negociais por minuto.

Gerar quase 2 interações por minuto ali ao vivo, em cores, coisa que estamos desacostumados a fazer e ainda regado a café free (já incluso no investimento inicial, mas você toma quantos seus neurônios pedirem), deve ser um recorde e, de fato, uma inovação negocial!

Alexandre: quero ser convidado “pro” café de número 730, pois a soma dá 10. Não sou supersticioso, mas vai que…

Fechando

Esse é o momento de fazer parte da história e contribuir com a IncaaS. Assim, peço que invistam menos de um minuto aplicando este questionário: http://bit.ly/incaasform. Será bom para você e para o RN. Façam isso tomando café. Será mágico!

Referências:

Mackenzie de Liberdade Econômica Estadual 2017 (IMLEE) (https://www.mackenzie.br/liberdade-economica/artigos-e-videos/arquivo/n/a/i/indice-mackenzie-de-liberdade-economica-estadual/)

Sebraelab (https://www.sebraelab.sebrae.com.br/#!/agenda)

NovaM3 (https://www.novam3.com.br/)

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Leia a edição anterior: Smart Little People: mergulhando no problema

Gláucio Brandão é gerente executivo da inPACTA, incubadora da Universidade Federal do Rio Grande do Norte.

Gláucio Brandão

2 respostas para “Lições tiradas do café empreendedor nº 73”

  1. Wagner soares disse:

    Showww !! Compartilhar conhecimento!

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