A ciência aberta para todos – Open Access 2020 Ciência Nordestina

terça-feira, 22 janeiro 2019

Movimento prega o livre acesso aos conteúdos de publicações financiadas por recursos públicos

O plano Open Access 2020 (OA 2020) é uma iniciativa europeia para que a partir de 2020 não ocorra cobrança para o acesso aos conteúdos de publicações financiadas por recursos públicos. Este movimento ganhou recentemente o apoio da China e tende a crescer para uma iniciativa apoiada por todo o mundo.

Para exemplificar a necessidade desta iniciativa, usaremos o exemplo do Brasil: como sabemos, a pesquisa em nosso país é predominantemente financiada pelo Estado, a partir das agências de fomento.

O pesquisador solicita recursos em editais de ampla concorrência e quando contemplado faz uso dos equipamentos aprovados para a implementação do projeto proposto. Os resultados desta pesquisa, quando exitosos, seguem para publicação de periódicos com bom fator de impacto – normalmente internacionais. Após avaliação por pares, estes artigos podem ser publicados ou não. Para aqueles que forem aceitos para publicação, há a possibilidade de cobranças de taxas por parte das revistas. E quando publicados passam a ser definidos como acesso restrito ou acesso aberto (open access). Para o acesso fechado, se faz necessário pagar pelo download de cada artigo. Há um portal no país chamado portal de periódicos da Capes que contrata um grande numero de títulos e disponibiliza para as instituições de ensino e pesquisa de todo o país o acesso à produção intelectual.

Com isso, o governo brasileiro paga pela infraestrutura e pelo acesso aos frutos desta pesquisa. Sem isso, podemos chegar à situação esdrúxula de ver um autor não ter acesso ao próprio artigo que publicou.

Há outro ponto relevante que precisa ser considerado nesta intrincada equação de pagamentos. As chamadas publicações open access descontam nos autores o fardo de terem acesso aberto… Se os autores escolherem ter de fato seu estudo aberto deverão arcar com taxas salgadas da ordem de R$ 6.000,00.

Com isso, o movimento open access precisa ser fortalecido não apenas pelo sentido de disponibilizar os artigos para o público, mas também para desonerar os autores e os governos destas taxas exorbitantes.

As revistas podem localizar financiadores que as mantenham – financiadores estes que não sejam os próprios autores. Entregar conteúdo e pagar pela publicação e acesso ao próprio conteúdo é tirar todo e qualquer estímulo à divulgação e ao desenvolvimento da ciência.

Por esta e por tantas outros fatores precisamos de open access irrestrito já!

A coluna Ciência Nordestina é atualizada às terças-feiras. Leia, opine, compartilhe e curta. Estamos no Facebook (nossaciencia), Twitter (nossaciencia), Instagram (nossaciencia) e temos email (redacao@nossaciencia.com.br). Use a hashtag CiênciaNordestina.

Leia o texto anterior: Dispositivos termoelétricos

Helinando Oliveira é Professor da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf) desde 2004 e coordenador do Laboratório de Espectroscopia de Impedância e Materiais Orgânicos (LEIMO).

Helinando Oliveira

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Site desenvolvido pela Interativa Digital