Detectores de gás vestíveis Ciência Nordestina

terça-feira, 8 janeiro 2019
Foto: MIT News

O professor Helinando Oliveira fala de pesquisas que buscam ajudar pessoas que acessam áreas críticas com gases tóxicos e letais

Em matérias passadas já falamos sobre a importância dos dispositivos vestíveis (Linha de algodão condutora para costurar eletrônicos vestíveis Textrônica: a eletrônica das passarelas). A integração de dispositivos de monitoramento, armazenamento e geração de energia integrado em vestimentas é uma tendência que vem sendo fortemente investigada e reportada na literatura científica. Além do monitoramento de sinais vitais, outro aspecto relevante a ser pesquisado se refere ao levantamento de parâmetros ambientais com a identificação de contaminantes/ gases no ambiente com potencial de envenenamento.

Um dos pontos de intensa pesquisa se refere à incorporação de detectores em vestimentas de pessoas que acessam áreas críticas com gases tóxicos e letais. Para eles, a rápida identificação destas condições é questão de vida ou morte.

Nesta direção, o grupo do professor Timothy Swager do MIT vem preparando dispositivos wireless à base da tecnologia RFID (sistema de identificação via rádio frequência) com estruturas de nanotubos de carbono que alteram suas propriedades de transporte elétrico quando entram em contato com concentrações de gás específicos, a limites tão baixos quanto 10 partes por milhão em tempos da ordem de 5 segundos.

Com variação intensa na condutividade do dispositivo, é possível disparar uma mensagem de alerta no aparelho celular que alerta o usuário sobre os riscos de permanecer naquele ambiente.

Esta mesma tecnologia foi também adaptada para demais aplicações na detecção de níveis de amadurecimento/ degradação de frutas e alimentos a partir da integração de sensores na antena de aparelhos celulares. Com isso, será possível carregar um chip no celular e levá-lo ao supermercado, aproximá-lo das frutas e da carne e verificar se o produto está, de fato, próprio ou não para o consumo.

A integração destes dispositivos com a antena de telefones celulares representa uma grande sacada que faz uso de todo o circuito do smartphone para uma função até então pouco estudada: a detecção de traços de contaminantes.

A pesquisa desenvolvida no MIT é um exemplo espetacular da possibilidade de integração entre a pesquisa básica em nanotubos de carbono com aplicações avançadas em RFID na qual ocorre a integração dos sensores com o circuito de dispositivos comerciais, agregando muito valor ao material derivado de carbono desenvolvido pelos grupos de pesquisa.

Essa criatividade é extremamente necessária para permitir com que a pesquisa básica esteja cada vez mais próxima da pesquisa aplicada, convertendo artigos científicos em produtos na escala de tempo do mercado.

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Helinando Oliveira é Professor da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf) desde 2004 e coordenador do Laboratório de Espectroscopia de Impedância e Materiais Orgânicos (LEIMO).

Helinando Oliveira

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