O curso é o primeiro no Brasil e destina 50 vagas para assentados da Reforma Agrária do estado de Alagoas
Pela primeira vez, a Universidade Federal de Alagoas (UFAL) oferece o curso de graduação em Agroecologia pelo Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária (Pronera), destinando 50 vagas para assentados do estado de Alagoas. O curso, que será ofertado no Centro de Ciências Agrárias (Ceca), foi aprovado na sessão do Conselho Universitário (Consuni), no dia 4 de junho deste ano.
No dia 10 de dezembro, foi realizada a solenidade de Aula Magna do curso de bacharelado em Agroecologia, promovido pelo Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária (Pronera) em parceria com o Centro de Ciências Agrárias (Ceca) da UFAL. A mesa de abertura foi composta pela reitora Valéria Correia, o superintendente do Incra em Alagoas, Cesar Lyra, e de representantes dos movimentos sociais e das instituições promotoras do curso.
O bacharelado em Agroecologia do Pronera, que foi aprovado na sessão do Conselho Universitário (Consuni), no dia 4 de junho deste ano, destina 50 vagas para assentados. Os estudantes, selecionados em vestibular específico para esse público, estavam felizes e levaram instrumentos de trabalho utilizados no campo, para identificar a condição de pequenos agricultores e assentados da Reforma Agrária.
Silvania Melo foi escolhida para representar os estudantes de Alagoas, Paraíba, Ceará e Pernambuco, que estavam emocionados em iniciar o curso universitário. “Saímos de nossas casas em busca de conhecimento, para termos condições de apoiar o fortalecimento da agricultura familiar. Queremos nossos assentamentos totalmente agroecológicos. Vamos agarrar essa oportunidade de contribuir para a produção de alimentos saudáveis e de promover justiça social”, declarou a assentada.
Representando o Movimento Sem Terra (MST), Débora Nunes destacou o dia histórico, que também celebra os 70 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos. “Depois de uma noite velando os corpos de Bernardo e Rodrigo, que foram assassinados na Paraíba, é muito importante estar aqui hoje dando mais um passo na construção da Reforma Agrária e reafirmando nosso propósito de garantir mais do que o direito à terra. Queremos as condições de viver em paz nos assentamentos”, destacou Débora.
Breve histórico: MST e UFAL
Débora Nunes fez um breve histórico da relação entre o Movimento Sem Terra com a UFAL. “Há vinte anos, a professora Reneude de Sá, que faleceu recentemente, nos ajudou a organizar os primeiros projetos de alfabetização de adultos nos assentamentos. Queríamos que os nossos jovens tivessem a condição de chegar ao ensino médio. Hoje, estamos inaugurando a primeira turma de assentados graduandos de Alagoas. É um grande momento para nós que agora fazemos parte da comunidade universitária”, comemorou a militante do MST.
O assegurador do Pronera pelo Incra em Alagoas, Ubiratan Santana, e o professor Rafael Navas, do Ceca, foram destacados pela dedicação em garantir a realização do bacharelado. “Eles foram peças-chave nesse processo, buscando alternativas para superar a falta de recursos e as dificuldades administrativas. Esse curso se concretiza no mesmo período de outra ação importante, quando a UFAL decide comprar alimentos da Agricultura Familiar para abastecer os Restaurantes Universitários”, ressaltou Heloísa Amaral, representante da Comissão Pastoral da Terra (CPT).
A reitora Valéria Correia, que encerrou as falas de abertura e também proferiu a Aula Magna, enfatizou a importância desse projeto para a universidade. “Esse é um dia memorável. Estamos felizes em receber na universidade os filhos dos assentados da Reforma Agrária. São sementes que foram plantadas e começam a dar frutos. Nesse sentido, parabenizo o professor Rafael Navas por ter elaborado e submetido esse importante projeto, que ele vai coordenar com a dedicação que já conhecemos”, parabenizou a reitora.
A reitora da UFAL destacou que a universidade socialmente referenciada deve manter essa relação próxima com os movimentos sociais. “Precisamos desta articulação para construir uma agenda positiva, apesar das dificuldades políticas, dos cortes nos orçamentos, dos ataques à liberdade de cátedra e à autonomia universitária. Mas vamos continuar trabalhando para que o ensino superior esteja ao alcance de toda a população”, concluiu a reitora.
Fotos: Renner Boldrino/Ascom-UFAL
Fonte: Ascom da UFAL
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