Heróis do espaço #HojeÉDiadeCiência

sexta-feira, 30 novembro 2018
Kubasov, Leonov e Kolodin: a tripulação da Soyuz 11 que morreu no espaço.

O astrônomo José Roberto Costa lembra a morte da tripulação russa da Soyuz 11 e afirma que a conquista do espaço também é feita por esses heróis quase anônimos

Muito pouca gente sabe, mas entre 1971 e 1991 a antiga União Soviética colocou em órbita sete estações espaciais. Chamadas Salyut, eram todas relativamente simples, apenas um módulo colocado no espaço por meio de um único lançamento. Mas seu sucesso na época foi comparável ao dos ônibus espaciais norte-americanos.

A Salyut 1 foi chamada Zarya e as Salyut 2, 3 e 5 ficaram conhecidas como “Projeto Almaz”. Eram missões militares que usaram um telescópio ótico para reconhecimento de instalações bélicas no solo.

As Salyut 6 e 7 foram os voos de mais longa duração deste programa. No fim, cada estação era bem diferente da outra e o programa serviu a diversos interesses, de pesquisas científicas a militares.

Os cosmonautas da Soyuz 11: heróis quase anônimos.

Viver e morrer no espaço

Porém, houve um acontecimento trágico bem no início do programa Salyut – e que marcou para sempre a história da Astronáutica. Tudo começou com o lançamento da Salyut 1, em 19 de abril de 1971.

Ela foi a primeira estação orbital da história e sua primeira tripulação, lançada a bordo da nave Soyuz 10, acoplou mas não pode entrar na estação devido a um problema técnico. Foi então enviada uma segunda tripulação com a Soyuz 11. E ela permaneceu a bordo durante longos e produtivos 23 dias.

Mas no fim, ao se preparar para o regresso, os cosmonautas Dobrovolskiy, Volkov e Patsaev se depararam com uma falha numa pequenina válvula, que deixou escapar todo o ar da atmosfera artificial do interior da cápsula, despressurizando-a.

Até hoje as naves Soyuz não precisam necessariamente de controle humano para reentrar na atmosfera terrestre e pousar, e foi assim que em 29 de junho de 1971, quando a Soyuz 11 tocou o chão das estepes geladas do Cazaquistão, trazia apenas os corpos de sua tripulação.

Até hoje essas foram as únicas mortes ocorridas no espaço (acima de 100 km de altitude), pois certamente a tripulação padeceu por asfixia, logo depois da desacoplagem com a Salyut 1, que ficara vazia em órbita.

Soluções em órbita

Não há mais nenhuma Salyut no espaço. Elas tinham objetivos específicos e estavam condenadas a reentrar na atmosfera após um curto período de operação em órbita. Mesmo assim, prepararam os cosmonautas para a montagem e manutenção da futura estação Mir, que serviu de base para a atual ISS (Estação Espacial Internacional).

Hoje também praticamente ninguém lembra ou conhece histórias como essa. Mas a conquista do espaço também é feita por esses heróis quase anônimos. Neste exato instante há pessoas lá em cima, circulando a Terra uma vez a cada 90 minutos.

Na verdade é provável que durante todo o século XXI nenhuma pessoa venha a nascer sem que haja outras vivendo no espaço. A cada dia que passa, mesmo sem nos darmos conta, a solução de muitos dos nossos problemas na Terra está nas mãos e mentes desses heróis do espaço.

Gostou da coluna? Do assunto? Quer sugerir algum tema? Queremos saber sua opinião. Estamos no Facebook (nossaciencia), Twitter (nossaciencia), Instagram (nossaciencia) e temos email (redacao@nossaciencia.com.br). Use a hashtag #HojeeDiadeCiencia.

Leia o texto anterior: Astronomia na bandeira do Brasil

Leia também: Astronomia Zênite

José Roberto de Vasconcelos Costa

Os comentários estão desativados.

Site desenvolvido pela Interativa Digital