“Precisamos mudar o relacionamento do nordeste com a ciência e a tecnologia” Políticas de C&T

terça-feira, 28 junho 2016

Ministro Gilberto Kassab participa de evento sobre parques tecnológicos em Natal

Em meio a uma manifestação silenciosa com pessoas segurando faixas e cartazes pedindo a volta do MCTI, o ministro em exercício Gilberto Kassab, da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC) participou ontem, 27, da abertura do seminário “Os motores do desenvolvimento do Rio Grande do Norte”. Em sua 27ª edição, o evento teve como tema os parques tecnológicos e sua importância para a inovação e o desenvolvimento do estado.

O ministro Kassab afirmou que o nordeste tem poucos projetos apresentados e aprovados pelo ministério. “Dos projetos recebidos, 80% são de outros estados brasileiros. Precisamos mudar a forma de relacionamento da região nordeste com a ciência e a tecnologia”, afirmou.

Ele admitiu que houve uma diminuição de recursos para o setor, mas sinalizou que está buscando um entendimento com os ministérios do Planejamento e da Fazenda para uma nova distribuição de recursos. “Pretendemos chegar a 2% do PIB para a CT&I”, afirmou. Atualmente, o percentual não chega a 1,5%.

O paulistano, graduado em Economia e Engenharia Civil, revelou que o MCTIC planeja num curto espaço de tempo implantar o parque tecnológico do RN para que ele seja uma referência no nordeste. “O parque daqui terá a particularidade de atender as vocações do estado do Rio Grande do Norte. Pesquisas na área de energia eólica, do biocombustível, do sal, das pedras preciosas, enfim essas são as vocações do estado e serão as prioridades desse parque tecnológico, desenvolver dentro dele pesquisas voltadas para esses itens”, apontou.

Kassab, porém, não revelou de quanto seria esse apoio. “Ainda não falamos em valores. Vamos primeiro definir o projeto, definir junto com o governo do estado o que iremos instalar dentro desse parque tecnológico, quais serão os temas privilegiados e priorizados, para depois fazer uma análise sobre o investimento. Vamos trazer financiamentos da Finep, do BNDES e de outros organismos que financiam pesquisas”, disse.

Perguntado sobre a queda no número de inscrições de empresas inovadoras no programa Startup Brasil, o ministro culpou a crise econômica. “Acredito que esta diminuição de startups tem uma certa relação com a difícil conjuntura econômica pela qual passa o país e tem passado nos últimos anos. Na medida em que nós possamos experimentar uma retomada de nossa economia, o crescimento do país, nós teremos uma reversão desse quadro”, analisou.

Geração de emprego e riquezas

O Brasil tem hoje 28 parques tecnológicos que geram cerca de 30 mil empregos. Quando o RN definir as vocações que serão desenvolvidas no parque tecnológico do estado, o ministro acredita que novas oportunidades de emprego e de enriquecimento serão geradas para todo o país.

“Esse ainda é um número baixo de parques tecnológicos para um país do tamanho do nosso. O Brasil precisa investir mais em pesquisa, construir mais parques tecnológicos, a exemplo do Rio Grande do Norte que ainda não tem o seu, apesar de tantos itens que podem ser explorados atendendo a vocação do estado”, ressaltou Kassab. Ainda segundo ele, a meta do ministério é ampliar bastante o número de parques no país, mas ponderou: “há uma vinculação dessa ampliação com a retomada do crescimento da economia, não vamos ser levianos, pois os parques envolvem financiamento com recursos públicos”.

Poti Parque

O governador Robinson Faria revelou que o parque do RN, batizado de Poti Parque, será um incentivo para a geração de uma cadeia produtiva e competitiva. “Precisamos transformar em riqueza nosso enorme potencial para as futuras gerações”.

De acordo com o governador, o parque tecnológico do RN está orçado em 90 milhões e está marcado para setembro deste ano o início das obras. “Estamos trabalhando com um prazo de entrega para 2018”, revelou.

Para a professora Angela Maria Paiva Cruz, reitora da UFRN, a universidade será parceira nesse projeto. “Estamos dispostos a assumir nossa parte nessa aliança em prol da sociedade. Esse parque tecnológico significará melhores oportunidades para os jovens dessa região acometida por tantas desigualdades”, ponderou. Para ela, o seminário é um marco para dialogar com o setor produtivo, o governo federal, estadual e municipal para concretizar o plano do parque.

Além do governador do estado e da reitora da UFRN, estiveram presentes ao evento o prefeito de Natal, Carlos Eduardo Alves, o senador Garibaldi Alves Filho, o pró-reitor de Pesquisa da UFRN, professor Valter José Fernandes Júnior, e empresários do estado.

Memória

Regulamentada por meio da Lei 478/2012 , também chamada de Lei Estadual de Inovação, a criação de um Parque Tecnológico vem sendo tratada e anunciada pelo Governo do Estado e outras instituições desde 2013. “O Parque Tecnológico do RN custará R$ 45 milhões para ser construído, em uma área da Escola Agrícola de Jundiaí (UFRN), em Macaíba. Além disso, outros R$ 1 milhão serão consumidos para a realização de consultorias. Mas, apenas um dos projetos âncoras já acertados destinará cerca de R$ 32 milhões, uma iniciativa do CTGás, que vai produzir estrutura para certificação de tecnologia e testes na área de energia eólica e solar, principalmente na produção de painéis fotovoltaicos.” A afirmação é do então secretário de Desenvolvimento Econômico, deputado federal Rogério Marinho, em novembro de 2013.

Em fevereiro daquele ano, um termo de referência foi aprovado pelo Conselho Estadual de Ciência e Tecnologia (Conecit). À época, foi divulgado que os recursos para a construção do parque já estariam assegurados e que seriam oriundos de um financiamento do Governo estadual junto ao Banco Mundial. “Até o final de março, a Secretaria de Desenvolvimento Econômico abrirá processo licitatório para contratar uma empresa – em regime de consultoria – para elaborar o projeto de viabilidade técnica, econômica e financeira”, declarava a comunicação da Sedec.

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