Estudar eleva a expectativa de vida Saúde

segunda-feira, 20 junho 2016

Pesquisa mostrou que homens com ensino superior completo chegam a viver até seis anos mais do que aqueles com ensino fundamental completo

Estudar eleva significativamente a expectativa de vida das pessoas. Esse foi o resultado do estudo “Diferenciais de mortalidade por escolaridade da população adulta brasileira, em 2010” publicado na revista Cadernos de Saúde Pública da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) . A pesquisa é resultado da dissertação de mestrado defendida em 2014 no Programa de Pós-Graduação em Demografia (PPGDem) da UFRN, com autoria de Lariça Emiliano da Silva, Flavio Henrique Miranda de Araujo Freire – ambos do PPGDem – e Rafael Henrique Moraes Pereira do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA).

Na pesquisa identificou-se que expectativa de vida de homens com o ensino superior completo no Brasil era 6,3 anos maior do que a da população masculina com menos do que o Ensino Fundamental completo. Por outro lado, as mulheres (que já apresentam uma expectativa de vida maior do que a dos homens) apresentam menor influência da escolaridade na expectativa de vida. O estudo observou que um adicional de 2,2 anos na expectativa de vida de mulheres com o Ensino Superior completo em comparação às com menor nível de escolaridade.

O professor Flavio Freire, orientador da dissertação, explica que a metodologia desenvolvida pela pesquisa se baseou em um quesito de mortalidade domiciliar que voltou a ser incluído no Censo Demográfico 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE. “A inclusão do quesito foi muito importante, ele constava no Censo de 80, foi retirado e voltou apenas em 2010. É importante conhecer o padrão de mortalidade do país e temos o Censo para ajudar a conhecer nosso real padrão de mortalidade”, afirma.

De acordo com os pesquisadores, além de ser relevante para a discussão da desigualdade social nas condições de saúde da população, este tipo de estudo pode trazer importantes evidências sobre os determinantes das taxas de mortalidade e contribuir com informações para a elaboração de políticas na área da saúde.

Freire revela que o aprofundamento sobre este tema no país enfrenta graves restrições. Os dados disponíveis no Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM) do Ministério da Saúde apresentam grandes lacunas na informação sobre níveis de escolaridade nas declarações de óbito. “Em 2010, por exemplo, cerca de 30% das Declarações de Óbitos do SIM não continham a informação sobre escolaridade do falecido, como pode ser consultado no site do DATASUS. Isso inviabiliza estudos sobre os diferenciais de mortalidade por escolaridade e o avanço metodológico da pesquisa é importante para cobrir essa lacuna”, aponta o professor.

Próximos passos

Para contornar a limitação dos dados oficiais, os pesquisadores utilizaram dos dados no novo quesito do Censo de 2010, combinado as informações do nível de escolaridade da pessoa de referência do domicílio. Na pesquisa, os dados foram apresentados de maneira sintética pelas estimativas das probabilidades de morte entre 15 e 60 anos de idade e da expectativa de vida aos 15 anos de idade da população adulta brasileira em 2010.

O professor Freire faz parte de um grupo de estudo sobre mortalidade no Brasil que envolve pesquisadores de todo o país. De acordo com ele, esse grupo vem trabalhando com estimativas de mortalidade e expectativa de vida de todas as meso regiões do Brasil. As meso regiões são divisões administrativas, aglomerados de municípios que são agrupados por critérios sócio econômicos. “Esse é um passo intermediário para um estudo envolvendo todos os municípios do país, algo em torno de cinco mil, desde 1980 até 2010, buscando ver a evolução temporal e espacial dos dados”, antecipa. Ele informa que já está em fase final um artigo com o resultado desse estudo, que deverá ser publicado até o final desse ano.

Veja o artigo “Diferenciais de mortalidade por escolaridade da população adulta brasileira, em 2010”.

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