Detergente para superbactérias Ciência Nordestina

terça-feira, 3 julho 2018

Para combater as superbactérias no ambiente hospitalar, grupo de pesquisa da Univasf desenvolveu um detergente que tem ação bactericida

Sabemos que o controle na venda de antibióticos em farmácias é fundamental. Toda a burocracia de carimbo, endereço, CPF e assinatura na receita médica é válida e necessária. No entanto, os antibióticos chegam até nós por diversos outros caminhos. Eles estão presentes na agricultura, no leite, na carne… O uso indiscriminado de antibióticos em culturas diversas faz com que estas moléculas cheguem até nós em produtos alimentícios e até mesmo na água que bebemos.

Sem saber, provavelmente já ingerimos na manhã de hoje uma boa quantidade de penicilina G, que veio no leite – este antibiótico é usado no tratamento da mastite em vacas, sendo inevitavelmente excretado pelo animal.

O grande problema é que o uso indiscriminado de antibióticos em animais e humanos permitiu com que estas bactérias adquirissem resistência ao seu tratamento, transformando-as em organismos imunes a antibióticos, passando a ser conhecidas como superbactérias. A primeira superbactéria foi identificada em 2000 nos EUA (Klebsiella Pneumoniae Carbapenemase – KPC). Por ser altamente resistente aos tratamentos convencionais, estas bactérias encontram nos pacientes com imunidade comprometida o ambiente mais favorável para proliferação. E as Unidades de Tratamento Intensivo (UTIs) dos hospitais são os espaços em que estas bactérias causam pneumonia, infecção no sangue e em feridas, infecção generalizada e morte.

E para piorar esta situação, a indústria não tem avançado na produção de novos antibióticos. O tratamento a que se tem recorrido é a combinação de antibióticos conhecidos em concentrações cada vez maiores. E isto pode provocar diversos efeitos colaterais, como por exemplos danos hepáticos.

Acinectobacter. Foto: Wikpédia

Dada a restrição de tratamento e o crescimento na quantidade de bactérias resistentes (S. aureus, K.pneumoniae, Acinectobacter) a solução que se mostra mais efetiva é a prevenção.

Por isso, os hospitais têm reforçado o papel das Comissões de Controle de Infecções Hospitalares que tratam das estratégias de higiene em ambientes de UTI.

Os procedimentos seguem desde a higienização de mãos, objetos de trabalho, tecidos de leitos e ambiente. Para tanto, o direcionamento de pesquisa para produtos antibacterianos para UTIs demonstra ter grau de urgência dados os índices de mortalidade elevados em decorrência de superbactérias.

O grupo de impedância e materiais orgânicos da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf) desenvolveu um detergente que tem ação bactericida frente à superbactéria Acinectobacter, com aplicação para limpeza de ambiente de UTIs. No momento, o material se encontra em processo de escrita para patenteamento e em breve poderá ser usado nos hospitais como agente preventivo contra surtos destes microrganismos em ambientes críticos. O material ativo no detergente age atraindo bactérias ao mesmo tempo em que injeta algumas estruturas nanométricas que inibem ciclos vitais e, portanto, a sua proliferação.

A coluna Ciência Nordestina é atualizada às terças-feiras. Leia, opine, compartilhe e curta. Estamos no Facebook (nossaciencia), Twitter (nossaciencia), Instagram (nossaciencia) e temos email (redacao@nossaciencia.com.br). Use a hashtag CiênciaNordestina.

Leia o texto anterior: A marca da pesquisa

Helinando Oliveira

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Site desenvolvido pela Interativa Digital