Aproximar as crianças de laboratórios de programação e robótica pode ser uma saída criativa para a crise da engenharia em nosso país
O acesso da nova geração “digital” às tecnologias da informação e conhecimento (TIC) vem sendo antecipada de uma forma assustadora. Se em 2015 era razoável estabelecer uma média entre 5 e 9 anos para as crianças que acessavam os telefones celulares e tablets dos pais, atualmente é muito comum presenciar crianças de dois anos que trocam a chupeta pela telinha colorida. Há todo um processo danoso relativo à esta introdução precoce das TICs para as nossas crianças. Cabe aos pais estabelecer o controle e impedir com que nossas crianças sejam raptadas pelo mundo virtual desde o berço.
O que parece irreversível é o crescente grau de intimidade de nossos jovens com estas tecnologias. E assim como toda ferramenta tecnológica, pode ser usada para o bem ou para o mal. A posição do usuário frente ao processo, neste caso, é extremamente crítica. Usuários de redes sociais e canais assumem posição passiva frente ao conteúdo normalmente duvidoso de várias fontes. Os games educativos e as ferramentas da robótica, associadas com todo o controle que um simples aparelho de telefone celular pode oferecer, têm a capacidade de tornar ativas diversas ferramentas de ensino. Crianças, de seis anos, já podem assimilar diversos conceitos de sistemas de controle, entender da órbita dos planetas, compreender o acionamento de motores… E o mais importante, gostar de física e matemática. Isso é fundamental para termos uma boa escola de engenheiros. Transformar as salas de aula do ensino fundamental em laboratórios de programação e robótica pode ser uma saída extremamente criativa para a crise da engenharia em nosso país.
O investimento para isso é extremamente baixo. Computador, telefones celulares, tablets, kits de microcontroladores estão cada vez mais acessíveis. Imagine o efeito que é substituir o tempo de crianças em frente a vídeos duvidosos por outro em que elas projetam o movimento de uma turbina de avião. Ou que estejam instalando aplicativos para visualizar o céu a noite. Sim, é possível!
Pode ser que vários deles não sigam pela área das exatas. Isso é natural. E por qualquer caminho que sigam, sua vantagem será o raciocínio lógico, o interesse em desvendar mistérios, sua capacidade de poder resolver problemas…
A tecnologia pode ser uma grande aliada na missão de formar uma geração que acredite em sua capacidade de mudança. Tenho um filho de 11 anos. Ele joga futebol com os colegas, peão, corre de bicicleta. E nas horas de usar o celular, incentivo uso de aplicativos que educam. Recentemente, comprei um kit de microcontrolador. Estamos juntos montando umas aplicações. O curso de engenharia dele, na prática, começa agora. Se ele não gostar, ainda terá bastante tempo para escolher a direção em que o seu coração de fato aponta. O fato é que a busca pelo conhecimento não tem hora para começar.
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Helinando Oliveira
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