Pesquisadores da Universidade Federal do Ceará analisam a musicalidade da fala como auxílio no tratamento do autismo, que atinge cerca de 2 milhões de brasileiros
O autismo é uma condição neurológica vitalícia que se manifesta durante a primeira infância. O Transtorno do Espectro Autista caracteriza-se por suas interações sociais únicas, formas não padronizadas de aprendizagem, forte interesse em assuntos específicos, inclinação a rotinas, dificuldades em formas típicas de comunicação e maneiras particulares de processar a informações sensoriais. Estima-se que, no Brasil, hoje, existem cerca de 2 milhões de pessoas autistas.
Um grupo de pesquisadores da Universidade Federal do Ceará, coordenado pelo professor Luis Achilles Furtado, do Curso de Psicologia do Campus de Sobral, busca investigar como a relação de autistas com a linguagem, com base na musicalidade da fala como instrumento para auxiliar a comunicação de portadores de autismo, utilizando referências na literatura especializada e experiência clínica de extensão e ensino da universidade.
Os pesquisadores explicam que pessoas com autismo apresentam um modo específico de falar, mantendo um ritmo e entonação mais ou menos constantes, apagando assim as sutilezas da enunciação no ato da fala. Essa distinção deu origem à união da pesquisa com a dimensão musical presente na linguagem, o que no amparo da perspectiva do psicanalista francês Jacques Lacan se enquadra em um conceito definido como lalíngua.
De acordo com o professor Luís Achilles, a pesquisa tem cunho teórico e os resultados servem para discutir e orientar casos clínicos. “Esses resultados são de grande utilidade para o campo da clínica psicanalítica, para as redes de saúde mental e para a educação inclusiva”, afirmou o docente, em entrevista à Funcap. A pesquisa também apresenta contribuições para a efetivação das diretrizes da Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista, estabelecida pela Lei Federal nº 12.764/2012
Leia o artigo “A dimensão musical de lalíngua e seus efeitos na prática com crianças autistas“, publicado na revista Psicologia USP.
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Giselle Soares com informações da Funcap
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