Reuso da água cinza é viável Meio Ambiente

segunda-feira, 23 maio 2016

Estudo da Ufersa aponta viabilidade do reuso na produção de capim Tanzânia para alimentação dos rebanhos

O reuso doméstico para finalidades agrícolas vem sendo alvo de pesquisas, e uma das vertentes é o estudo da água cinza proveniente de chuveiros, lavatórios, pias, tanques e máquinas de lavar roupas. Em sua composição encontram-se elementos químicos ricos em nutrientes como cálcio, sódio e potássio, presentes nos sabões e nos produtos de limpeza em geral.

No Semiárido brasileiro vivem quase 24 milhões de habitantes. A água, neste contexto, surge como um elemento essencial ao desenvolvimento social, econômico e ambiental. Conviver com sua escassez é um dos principais desafios da região.

Em agosto de 2015, a pesquisadora Mychelle Karla Teixeira de Oliveira iniciou o estudo de Pós-Doutorado Júnior intitulado “Desenvolvimento de estação de tratamento e produção de capim Tanzânia com água cinza” como parte do Programa de Pós-Graduação em Manejo de Solo e Água da Universidade Federal do Semiárido (Ufersa), em Mossoró (RN). Além disso, a pesquisa está ligada ao projeto Bramar cooperação binacional Brasil-Alemanha da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG) e Universidade de Aachen na Alemanha.

A pesquisa foi implantada no assentamento Monte Alegre, em Upanema (RN), com objetivo de analisar o aproveitamento de água cinza para produção de capim Tanzânia (Panicum maximum) em ambientes rurais do Semiárido potiguar. Dez famílias foram contempladas com o projeto ‘Água Viva’, e receberam unidades de reuso de água cinza, que podem beneficiar aproximadamente 70 famílias com a água residuária para plantação e posterior alimentação dos rebanhos.

As características analisadas no estudo são: altura, diâmetro, número de perfilho (ramificações) e de folhas, área foliar, teor de clorofila, produção de massa verde e massa seca. Os ensaios experimentais utilizam 36 vasos com capacidade para 40 L contendo cada um quatro plantas, que receberam três cortes nesta fase.

Os resultados obtidos são preliminares referentes às variáveis altura e produção de massa seca. As amostras que receberam 100% de água cinza tratada obtiveram uma produção de massa seca cerca de 36% superior quando comparadas a amostras que receberam apenas água de abastecimento. No que diz respeito ao crescimento, as plantas que alcançaram maior altura também foram os irrigados com água residuária em diversas proporções (com média de 112,43cm), inclusive, superando o resultado das plantas que receberam adubo orgânico, oriundo de esterco bovino (com média de 108,93cm).

De acordo com a pesquisadora, a crise hídrica é uma realidade no semiárido brasileiro, por isso fica clara a necessidade em incentivar cada vez mais o reuso de água como uma alternativa viável a região. Tendo em vista o conhecimento das águas residuárias como fontes de nutrientes para as plantas, com isso diminuindo os custos com fertilizantes. O papel social desta pesquisa abrange além dos benefícios para uma sociedade mais produtiva e justa, como também cumpre uma nítida função ecológica e sustentável.

Projeto Bramar

Com atuação em áreas experimentais do Nordeste brasileiro, o projeto Bramar, cooperação entre Brasil e Alemanha, realiza estudos em rede com grupos de pesquisadores de instituições parceiras na área de recursos hídricos. Tendo como parceiros institutos de pesquisa, indústrias, agências reguladoras, comitês de bacias hidrográficas e organizações sociais.

Com o objetivo de buscar alternativas com embasamento científico do uso agrícola das águas residuárias industriais de Mossoró (RN), um dos grupos da pesquisa que se dedica à análise do potencial das águas residuárias, avalia os efeitos da aplicação destes efluentes na produção de cultivos agrícolas, forrageiras e cultivos florestais.

Parceria

O Instituto Nacional do Semiárido (Insa), Unidade de Pesquisa do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações e Comunicações (MCTIC), atua no projeto Bramar por meio da promoção de ações de difusão e apropriação de informações e tecnologias desenvolvidas pela rede de pesquisadores.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Site desenvolvido pela Interativa Digital