Presidente da SBPC foca na ação política para garantir o papel de protagonista da ciência no desenvolvimento do país
Democracia e Nação são as palavras-chave a serem defendidas pela comunidade científica. Essa é a opinião do presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), Ildeu Castro Moreira, em entrevista ao Nossa Ciência, durante o 1º Seminário Temático da SBPC, realizado nesta sexta (13), no auditório da Fiocruz, dentro do campus da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). “Estamos preocupados que o país seja, de fato, um país democrático, que possamos discutir políticas mobilizadoras e outras questões maiores para que o país seja uma nação com o direito e com o potencial que nós temos”, afirmou.
Definindo a atual situação brasileira como uma conjuntura muito difícil, de muito retrocesso, o presidente propõe que a SBPC e todas as sociedades científicas, acadêmicas, instituições de pesquisa, pesquisadores e professores devem preocupar-se com o quadro de degradação da democracia no país. Com o tema Ciência, Responsabilidade Social e Soberania, a Reunião Anual da entidade, em Maceió, deve retomar um papel mais combativo, semelhante ao que já ocorreu nos anos da Ditadura Militar no Brasil.
Compromissos
Justificando os vários seminários temáticos que serão realizados pelos segmentos científicos, Ildeu garantiu que a posição mais pró-ativa da SBPC resultou da falta histórica de compromisso dos governos e dos parlamentares com as questões ligadas à ciência e à tecnologia. “Durante muitos anos, nós ficamos aguardando que os partidos políticos, os candidatos façam os seus programas e os cumpram, mas em geral isso não acontece, então estamos tentando inverter o quadro no sentido de construir as propostas a partir da comunidade científica e acadêmica, levar para os candidatos e comprometê-los com isso.”
Entre os pontos que deverão compor a Carta de Pernambuco, estão a destinação de recursos em ciência, tecnologia e inovação, que sofreram cortes de grande impacto; a redução da burocracia sobre a atividade científica, com uma melhor legislação brasileira para a ciência, considerando que o Marco Legal ainda não consegue resolver os problemas dessa área; e a regionalização das ações de C&T.
“Nós queremos o compromisso dos novos governantes e legisladores, que eles percebam que ciência e tecnologia são fundamentais, mas que não dá pra funcionar sem ter recursos. Outro ponto é a regionalização. A ciência acontece nos estados, nos municípios e uma política nacional tem que estar integrada com os instrumentos estaduais e locais como as fundações de amparo à pesquisa e as secretarias de ciência e tecnologia de cada estado”, pontuou.
Legislativo
O Congresso Nacional também será o espaço de discussão acerca dos grandes temas que afetam a vida brasileira e que têm na ciência e na tecnologia as condições para o desenvolvimento econômico e social. O primeiro ponto a ser discutido é a revogação da Emenda Constitucional 95, que congela os gastos sociais e em ciência e tecnologia por 20 anos. Saúde, transporte, energia, meio ambiente e educação também são relacionados por Ildeu Moreira como temas que devem ser discutidos no Congresso Nacional.
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