Jovens estão mais vulneráveis a Doenças Tropicais Negligenciadas, diz estudo Saúde

quinta-feira, 5 abril 2018
O parasita Schistosoma mansoni, causador da esquistossomose (Foto: CCS/Fiocruz)

Pesquisa desenvolvida pela Fiocruz Bahia mapeou casos de infecções ocorridas entre 2009 e 2013

Doença de Chagas aguda, leishmaniose, malária e esquistossomose fazem parte do grupo de Doenças Tropicais Negligenciadas (DTNs) que ainda constituem um grave problema de saúde pública no Brasil. Uma pesquisa desenvolvida na Fiocruz Bahia mapeou a incidência de casos dessas infecções, de 2009 a 2013, através do banco de dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), que monitora as doenças do Brasil. O estudo realizado pelo pesquisador Fred Luciano Neves Santos, fruto de parceria entre instituições brasileiras e argentinas, identificou que crianças e adolescentes, de até 19 anos, estão mais propensos a adquirir estes parasitas, nas regiões mais pobres do país.

De acordo com o artigo Neglected tropical diseases in Brazilian children and adolescents: data analysis from 2009 to 2013, publicado na revista Infectius Diseases of Poverty, a má nutrição e deficiência cognitiva são fatores que influenciam no desenvolvimento dessas doenças em crianças. Só o Brasil detém 95% dos casos de leishmaniose entre os 12 países que compõem a América Latina. Essas vulnerabilidades sanitárias proporcionam a infecção também por leishmaniose, malária e esquistossomose.

Para avaliar a efetividade das estratégias de controle dessas doenças, foram investigados os 26 estados brasileiros e o Distrito Federal. Ao todo, foram 65 mil casos divididos por microrregião, faixa etária, gênero, evolução e desordem clínica e co-infecção por HIV. A faixa de adolescentes de 15 a 19 anos teve a maior quantidade de casos, 21 mil, seguido por indivíduos de 10 a 14 anos, com 13 mil. Com menor incidência, 11 mil crianças de 5 a 9 anos foram afetadas pelas DTNs citadas. Na faixa de até 19 anos de idade, os indivíduos de 12 anos, representando 40 mil crianças, tiveram maior incidência das doenças. A maioria, de 62% dos casos, era formada por meninos.

A leishmaniose cutânea foi demonstrada como a infecção negligenciada de maior impacto, identificada em 49% dos casos, principalmente em meninos de 15 a 19 anos. O maior número de casos foi registrado em Valença, no interior da Bahia. Em segundo lugar foi a esquistossomose, com 34% dos resultados, ocorrendo principalmente em crianças de 10 a 14 anos, e repete o padrão das outras doenças com maior incidência nos meninos, mais identificada no eixo Norte-Nordeste. Em terceiro lugar, a leishmaniose visceral soma 16% dos casos, e malária, em quarto, com 0,66%. A doença de Chagas aguda representou com 0,36% dos casos investigados, com 233 pessoas infectadas.

O levantamento serviu para comprovar que essas quatro doenças ainda representam um problema grave de saúde pública no Brasil e demonstra a necessidade de ser desenvolvido um estudo para reformulação social, econômica e nas políticas de saúde pública. Além disso, os índices estatísticos e geográficos podem servir para estabelecer prioridades e embasar iniciativas para controle e eliminação desses patógenos.

Veja a distribuição e as taxas das infecções:

  • CD: Coeficiente de detecção
  • rr: risco relativo
  • IC: Intervalo de confiança
  • Em C: distribuição espacial adotando a microrregião como unidade de análise
  • À direita: as 10 microrregiões que reportaram maiores taxas por 100.000 habitantes

Fonte: Brandão et al. Infectious Diseases of Poverty (2017)

 

Fonte: Brandão et al. Infectious Diseases of Poverty (2017)

 

Fonte: Brandão et al. Infectious Diseases of Poverty (2017)

 

Fonte: Brandão et al. Infectious Diseases of Poverty (2017)

 

Fonte: Brandão et al. Infectious Diseases of Poverty (2017)

Fonte: Fiocruz Bahia

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